Nova Ordem Mundial

Nova Ordem Mundial
Nova Ordem Mundial, do Angeli

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Destaques do “Volta ao Mundo” das últimas semanas


A situação na Ossétia do Sul está “russa”

Eleições americanas: Barack Obama
Olimpíadas da China e hipocrisia
Colômbia avalia cooperação com a OTAN no Afeganistão


A situação na Geórgia está russa

Nas últimas semanas o “fantasma” da guerra fria pairou novamente no cenário internacional, após o recente apoio da Rússia à independência das regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e da Abkházia. A atitude colocou novamente o Kremlin e Washington em posição adversa, provando que ainda há muitos obstáculos a serem superados. Nem a imagem sorridente de Vladimir Putin e George Bush nas Olimpíadas da China foram capazes de amenizar as hostilidades. Os resquícios de uma guerra fria (ainda, quem sabe) não concluída pôde ser manifestado neste episódio em que a Rússia manifestou reconhecimento à independência da Ossétia do Sul e da Abkházia apesar da resistência dos Estados Unidos e toda a comunidade internacional (representada aqui somente pelos países ricos, é claro) em aceitarem. Mas a guerra fria contemporânea adquiriu um outro viés, o econômico, pela disputa do monopólio da rota de transporte do petróleo e do gás natural na região da Ossétia do Sul... E como fica a questão do Kosovo? Em breve, neste espaço, confira a entrevista com uma especialista em Direito Internacional sobre semelhanças e diferenças dos mais recentes movimentos separatistas: Tibete, Kosovo e Ossétia do Sul. Não percam.

Eleições americanas: E se Obama fosse Branco?
Pelo que tudo indica, Obama será eleito. Mas não será por suas propostas ou engajamento político. Será pelo fato de ser negro. E, porque os EUA, neste momento, precisam provar ao mundo que não são racistas, que são justos e são capazes de reconhecer o potencial de um negro. E Obama, o senador quase desconhecido, apareceu no momento certo. Apareceu e veio para estampar as notas de R$1 dólar com um rosto negro. Isto, no país da injustiça racial, do ódio camuflado, da sociedade medíocre e competitiva que incentiva o filho a ser sempre o melhor, na escola ou nos esportes, mesmo que para isso precise desumanizar as relações. No país que predomina o protestantismo de fachada, em que a extrema moralidade é pregada nas famílias, nestas mesmas famílias em que filho mata a mãe, pai dorme com a filha e estudante entra em escola com bombas como vingança a um professor. A sociedade da incoerência. O momento é agora e Obama saberá muito bem se aproveitar dele. A sociedade americana precisa mostrar que é justa e humana, apesar de todas as mortes na guerra do Iraque, de Martin Luther King, das injustiças contra imigrantes, das violações aos direitos humanos, de Guantánamo, enfim, da hipocrisia e do consumo alienado. E se Obama fosse branco, teria ele a mesma chance de se eleger presidente dos Estados Unidos?
Qual será o estilo de Obama como presidente?
Obama Hussein?
Obama Chávez?
Obama Castro?
Barack Sarkozy?
Barack O'Lula?
Barack Putin?

Olimpíadas da China e hipocrisia
As Olimpíadas mais caras da história acabaram. Os atletas voltaram aos seus países. E, será que os chineses pobres e miseráveis que viviam nas ruas de Pequim pedindo esmolas e foram enviados aos batalhões em caminhões do governo para o interior do país, onde o restante do mundo não conseguisse ver e sentir as suas misérias pessoais também voltarão para casa? Será que os executivos que andam de pijama e cospem nas ruas já podem manifestar com liberdade o seu hábito? Será que as fábricas e construções civis que pararam de funcionar durante as olimpíadas para não darem um aspecto poluído ao ar voltaram a produzir? É hora de tirar a máscara novamente. E expôr as mazelas do país, mas só para os chineses. O mundo não pode saber. Não deve saber. O dinheiro gasto para viabilizar as olimpíadas e a imagem politicamente correta da China daria para alimentar quantos pobres e tirá-los da miséria, sem falar do trabalho escravo com crianças nas minas de carvão? Enquanto isso, nas olimpíadas da hipocrisia, uma atleta russa e uma georgiana dividiam o pódio, ao mesmo tempo em que o povo em seus países bombardeavam um ao outro. São as olimpíadas da hipocrisia. É a sociedade da hipocrisia.

Colômbia avalia cooperação com a OTAN no Afeganistão
Interpretando e traduzindo: a Colômbia lidera a produção de cocaína e o Afeganistão lidera a produção de heroína. Por trás da OTAN (ou pela frente, depende do ângulo que se vê) temos os EUA. O mercado de drogas financia o mercado das armas e, obviamente, os Estados Unidos pretendem participar deste que tem se revelado uma dos negócios mais lucrativos do momento.”Coincidentemente”, os EUA alegam, na suposta “guerra contra o terrorismo”, lutar contra as FARCs, na Colômbia, que detém a produção de cocaína e o Tabeban, no Afeganistão, que detém a produção de heroína no mundo. É preciso explicar mais alguma coisa ou ficou claro que a “guerra contra o terrorismo” se restringe na busca por um negócio lucrativo?

domingo, 3 de agosto de 2008

O TERROR E O ESTADO: FORÇAS ANTAGÔNICAS

A História é marcada pelo embate de forças. Forças civis, militares, políticas. Estas forças interagem entre si, alternando-se por momentos de paz e conflitos, tensões e distensões. Dentro da “estrutura do poder legitimado” elas podem ser consideradas forças “oficiais”, entretanto, ainda há uma quarta força, que eu chamaria de “extra-oficial” que ainda não encontrou seu espaço de representação, mas não significa que deixe de existir. Muito pelo contrário. Sua atuação tem tido cada vez mais significância e predominância no cenário internacional, despertando cada vez mais o interesse de analistas, historiadores, jornalistas numa busca de tentar compreender as mudanças que regem as atuais estruturas do poder internacional e levantando algumas hipóteses sobre a “Nova Ordem Mundial”. Após a queda do muro de Berlim, e consequentemente, a perda do regime socialista, os Estados Unidos da América prevaleceram no cenário internacional como uma força hegemônica, imperialista e centralizadora de poder e legitimidade. A partir dos ataques às torres gêmeas em 11 de Setembro de 2001, essa legitimidade começou a ser questionada. A partir daí, o que se viu foi uma ascenção, ainda que em focos isolados, cada vez mais crescente de grupos considerados “terroristas” pelo mundo inteiro. Por serem consideradas uma força “extra-oficial”, ainda não é possível quantificá-las, classificá-las, compreender suas estratégias e formas de atuação, além dos diversos contextos em que elas se fazem presentes. Mas uma coisa é certa. Diante do declínio do poder e da legitimidade do estado-nação, os grupos “terroristas” encontraram espaço para atuação. Um estado muitas vezes incapaz de suprir as necessidades e direitos básicos do cidadão abre portas para a formação e atuação de um outro grupo, que, apesar de ainda demonstrar uma certa dispersão em seus objetivos e propostas, demonstra tentar preencher um vazio causado pela ausência ou ineficiência do estado. Recente estudo sobre o terrorismo global, feito pelo Departamento de Estado americano em 2005 e publicado no livro “Globalização, Democracia e Terrorismo”, do historiador Eric Hobsbawm, enumera – sem contar o Iraque, que é uma guerra de verdade – 7500 ataques terroristas no mundo inteiro, com 6600 vítimas.
Este fato pode ser comprovado a partir do crescimento do número de matérias relacionadas aos “grupos terroristas” que são publicadas/veiculadas diariamente pela mídia. Este assunto merece uma abordagem mais ampla, com o objetivo de quantificar e qualificar os “grupos terroristas” a partir de uma aspecto mais abrangente, que compreenda o que tem sido publicado, quais os locais de maior incidência destes grupos e suas formas de atuação. Além disso, é preciso fazer uma abordagem mais ampla, por exemplo, matérias publicadas em veículos de comunicação “convencionais” e os considerados “alternativos”. Para se chegar a um resultado mais acertivo, o ideal é fazer uma análise que possa abranger um período mais amplo da História. Entretanto, devido às limitações de tempo e espaço, e por esta proposta se basear em uma análise não muito aprofundada, a autora resolveu iniciar uma proposta preliminar sobre o assunto e limitou seu objeto aos seguintes dados. O veículo de comunicação escolhido foi o jornal Folha de São Paulo por ser um dos principais representantes da mídia impressa nacional em versão online, devido a uma maior acessibilidade. Entre os dias 30 de julho e 1 de agosto de 2008 foram selecionadas cinco matérias que abordavam assuntos relacionados a “grupos terroristas”, conforme demonstra tabela abaixo. Destas cinco matérias, uma era sobre o Hizbollah, no Líbano, outra sobre a Al Qaeda, no Paquistão, outra sobre as FARCs, na Colômbia e duas sobre o Hamas em Israel. Dos assuntos mencionados, a matéria sobre o Hizbollah, considerando a situação atual do país, expõe a fragilidade do Estado libanês. A matéria descreve como o Hizbollah mantêm um esquema de segurança paralelo ao governo libanês que tem o objetivo de controlar a entrada/saída de estrangeiros. O Chefe do Departamento responsável pela segurança do aeroporto, uma instituição governamental, faz parte do grupo xiita e é acusado de colaborar com o Hizbollah. O governo libanês tenta controlar estas forças há muito tempo, mas sem sucesso. O Hizbollah é considerado uma força paralela, muitas vezes com maior credibilidade junto à população que o próprio Estado. Devido aos impasses políticos e à dificuldade em centralizar um governo que atendesse à maioria libanesa, o Estado permeneceu por vários meses sem um governo único, permanecendo uma situação de conflito e tensão desde que o ex-presidente Emil Lahud deixou o seu posto. Neste período, o exército assumiu temporariamente mas não foi suficiente para restabelecer a soberania e a ordem do país. O Hizbollah, um partido político radical de oposição ao governo, da ala xiita, cometeu diversos atos considerados “terroristas” no intuito de coibir as forças aliadas ao governo e conseguiram, por vários meses, manter um clima de instabilidade na região. O atual presidente do Líbano, Michel Suleiman, no governo há três meses, ainda depende do apoio do exército na tentativa de evitar divisões internas e ações “terroristas”. Recentemente, a tensão política no país intesificou-se depois que militantes do Hizbollah invadiram áreas de Beirute em protesto contra a tentativa do governo de limitar o poder do grupo.
Já no Paquistão/Afeganistão, o grupo “terrorista” que predomina é a Al Qaeda. A matéria analisada descreve como os EUA, através de sua Agência de Inteligência, a CIA, desconfiam que há militantes da Al Qaeda infiltrados na Agência de Inteligência Paquistanesa. Isto se justifica, principalmente, por informações de ataque dos EUA à região fronteiriça com o Afeganistão terem sido “vazadas” à rede Al Qaeda. O ISI é a principal agência de inteligência do Exército, que dirige suas operações. Funcionários dentro do ISI já são há muito tempo acusados por políticos e governos externos de apoiar o regime talibã.
Outra notícia de destaque sobre “grupo terrorista” selecionada, que vem sendo quase que diariamente abordada pela mídia nacional e internacional foi sobre as FARCs. De acordo com a matéria, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ignoraram o apelo do presidente da Venezuela, Hugo Chavez, para que depusessem as armas e disseram que vão continuar com a luta armada. Para o líder guerrilheiro Ivan Márquez, a solução política ao conflito só será possível com outro governo, que não seja o de Álvaro Uribe. Segundo ele, as causas que motivaram o conflito não mudaram. Segundo Chávez, apesar do sequestro ser inadmissível, a “guerra de guerrilhas faz parte da história”. Máquez defendeu o sequestro como via para conseguir a libertação dos guerrilheiros presos e afirmou que as FARCs estão em seu direito de buscar por todos os meios a liberdade dos combatentes presos. As FARCs tem tido um amplo destaque pela mídia, principalmente depois que o governo da Venezuela começou a interferir pela libertação da candidata à presidência, a franco-colombiana Ingrid Betancourt, libertada no mês passado, refém das FARCs por seis anos, dentre outros presos políticos. A guerrilha atua na Colômbia há vários anos, utilizando-se principalmente da estratégia do sequestro (não há consenso sobre o número de reféns) como forma de coibir o governo colombiano e exigir uma maior autonomia para a região, desvinculada da política dos Estados Unidos. Parte do território colombiano está sob controle das FARCs.
Estes são somente alguns exemplos pontuais sobre a situação de grupos considerados “terroristas” e suas formas de atuação em confronto com o Estado. É necessária uma análise mais aprofundada, entretanto, a própria mídia não nos deixa muita escolha e se precipita em “rotular” esta que poderia ser considerada uma “força extra-oficial”. É necessário refletir a crise dos sistemas tradicionais de autoridade. Um importante elemento para o enfraquecimento do estado, é a “lealdade que os cidadãos lhe devotam, assim como sua disponibilidade para fazer o que o Estado lhes pede, que estão erodindo”, comenta Hobsbawm. Em contrapartida, alguns elementos que proporcionam o surgimento e fortalecimento dos grupos terroristas é a ampliação da mobilidade das pessoas, o que torna cada vez mais difícil aos governos controlar o que entra e sai do país, além da perda de parte dos seus territórios. A Agência Central de Inteligência (CIA) identificou, em 2004, cinquenta regiões do mundo sobre as quais os governos nacionais exercem pouco ou nenhum controle.
Provavelmente, um outro motivo para o aumento dos “atos terroristas” nos últimos anos, além dos motivos já expostos, seja a hostilidade ao imperialismo. A posição típica de qualquer Estado é defender seus interesses e o surgimento de situações intoleráveis no mundo contemporâneo e a dificuldade dos Estados em solucioná-las possa também ter contribuído para este aumento.
O número total das mortes causadas pelas guerras do século XX ou associadas a elas foi estimado em 187 milhões de pessoas, o que equivale a mais de 10% da população mundial em 1913, segundo Hobsbawm. A maior parte destas guerras teve como principal motivação o imperialismo. Se considerarmos o “terror”, um movimento de oposição ao imperialismo, sendo assim uma “contra-guerra”, qual a proporção de vítimas de “atentados terroristas” para vítimas de “atentados (guerras) imperialistas”? E, se tentarmos explicitar mais ainda, qual a proporção de vítimas dos governos ditatoriais da América Latina, das vítimas do colonialismo na África, dos civis inocentes que morreram na guerra do Iraque para as vítimas dos atentados terroristas, incluindo o seu maior representante, o ataque às torres gêmeas do Onze de setembro de 2001? Para Hobsbawm, a fase atual do terrorismo internacional é mais séria do que no passado pela possibilidade de massacres deliberadamente indiscriminados, mas não pela sua ação política ou estratégica. “Ele é menos perigoso do que a epidemia de assassinatos políticos que começou na década de 1970 e que não despertou a atenção da grande imprensa porque não afetou a Grã-Bretanha e os Estados Unidos”.
Se os “grupos e atos terroristas” irão prevalecer em oposição a um vazio deixado pelo Estado, como dizia Eric Hobsbawm, só o futuro dirá. Como dizia Hamlet, eis a questão. E eu, como todos os jornalistas, que ainda bem não são profetas, não tenho a obrigação de dar uma resposta. Só de fazer as perguntas.

sábado, 19 de julho de 2008

Século XXI: Novos Atores, Nova Ordem

Uma nova ordem mundial: ou será uma desordem?
(uma proposta preliminar para o Manifesto do Partido Humanista)


O século XX foi marcado pelo embate entre dois sistemas: o capitalista e o socialista. Representado inicialmente por uma ordem multipolar pelos os EUA, França, Inglaterra e após a 2ª Guerra Mundial pelo predomínio da vertente capitalista, Estados Unidos da América e pela vertente socialista ex-URSS ( União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) chegamos ao século XXI com a maior potência mundial, EUA, hegemônica e ameaçada. Há opiniões bastante controversas sobre este novo formato de ordem mundial. Há um grupo de analistas, os considerados “globalistas”, que defendem a permanência dos EUA como maior potência mundial e inclusive colocam-no em um patamar superior ao que ele deveria permanecer. Há outros autores que ainda defendem o prevalecimento de potências emergentes como a China mas, na minha opinião, acredito que a ordem mundial não deve manter esta estrutura. Como já se é observado, a estrutura de um estado representado por três poderes que se interligam e se equilibram comunicando com uma sociedade cada vez mais deficitária em seus princípios básicos que deveriam ser garantidos pelo estado, como sérios problemas de desigualdade social, fome, miséria, educação, saúde, segurança não está mais satisfazendo. Acredito que o modelo de estado tal qual conhecemos está em crise e é neste momento que outros atores entram em cena. Um dos atores que, na minha opinião, poderá substituir o estado são as multinacionais, transnacionais e as grandes corporações. A economia capitalista tende a se tornar cada vez mais concentrada. Por exemplo, na indústria de veículos a motor, existem cerca de 150 empresas funcionando ao redor do mundo atualmente. Mas as duas maiores empresas, a General Motors e a Ford, juntas produzem mais de um terço de todos os veículos. As cinco maiores empresas respondem pela metade de toda a produção e as dez maiores empresas produzem três quartos. Quatro empresas de aparelhos elétricos produzem 98% das máquinas de lavar roupa fabricadas nos Estados Unidos. Ainda nos Estados Unidos, na indústria frigorífica, quatro empresas controlam 85% da produção de carne bovina, enquanto que as outras 1.245 firmas participam em menos de 15% do mercado. Inclusive, presenciamos uma crescente concentração no setor de serviços, como linhas aéreas, companhias telefônicas e a indústria do entretenimento e da mídia. Com toda a concentração, a dinâmica do “livre” mercado torna-o completamente dominado por algumas empresas, tanto em nível nacional quanto internacional. Com os lucros concentrados nas mãos de alguns grupos, a distribuição de renda, o poder e a influência também ficam concentrados dentro da sociedade e paralelamente, a liberdade do indivíduo também se torna restrita, transformando-o em um indivíduo-consumidor e o homem passa a valer o mesmo que o seu poder de consumo o permite tendo sua vida conduzida e manipulada socialmente pelas grandes corporações. A liberdade de escolha está condicionada ao seu poder de compra e às restrições por ele permitidas. Por exemplo, determinada pessoa tem uma liberdade de escolha condicionada ao seu poder de compra, isto é, lhe são oferecidas três opções, sendo que, destas, duas opções podem ser desconsideradas pois não fazem parte de seu poder de compra, sendo assim, resta-lhe uma única opção de escolha. Podemos chamar isto de escolha? Outro aspecto relevante sobre o monopólio das grandes corporações se refere à influência que elas exercem sobre o poder político pela sua importância econômica e a disponibilidade de recursos que lhes dão a capacidade de influenciar governos e conduzir políticas favoráveis, diretamente, através de partidos políticos ou indiretamente, por decisões de investimentos ou influência nos pricipais meios de comunicação. O mercado de trabalho também é atingido diretamente pelo poder econômico, onde a competição, o individualismo, os valores da livre concorrência, o poder a todo custo e as leis repressivas que predominam na sociedade levam o ser humano à perda dos valores como solidariedade, honestidade, respeito e justiça.
O segundo ator responsável pela nova ordem mundial são os blocos econômico-regionais. A formação destes blocos interfere inclusive na alteração da geopolítica mundial e na transposição das fronteiras. Os interessses e as relações estão sendo afetadas de forma tão intensa, que as fronteiras físicas não delimitarão países, mas regiões onde se concentrarão países com interesses semelhantes. Com a economia mundial globalizada, a formação de blocos econômico-regionais tem a finalidade de facilitar o comércio entre os países-membros adotando a redução ou isenção de impostos e tarifas alfandegárias além de buscar soluções para problemas comerciais em comum. Os principais blocos comerciais atualmente são a UE (União Européia), o Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), o Mercosul (Mercado Comum do Sul), o Pacto Andino e a APEC (Cooperação Econômica de Livre Comércio). Entretanto, a tendência é não se restringir somente à integração econômica, à criação de uma moeda única e ao incremento de práticas comerciais, mas, em um estágio mais avançado, estes blocos também devem proporcionar uma integração política, principalmente na adoção de uma legislação conjunta e em um sistema integrado de administração que ultrapase os limites físicos de cada país, contribuindo ainda mais não somente por uma globalização econômica, mas também cultural. Talvez, podemos interpretar a ONU (Organização das Nações Unidas) como uma proposta ainda rudimentar desta iniciativa. O que hoje já vemos, na difusão e transmissão de conhecimento por diversos países proporcionados principalmente nas novas tecnologias da informação, na absorção de hábitos de origens distantes, nas facilidades da comunicação, na influência linguística e cultural é uma prova nítida que a globlização atinge a todos e a tendência de formação de um governo mundial, com alguns núcleos administrativos sob a responsabilidade dos blocos econômicos, não é uma ilusão, mas uma constatação. Mais uma vez, a formação desta nova ordem mundial está subordinada à interesses capitalistas, corporativistas e em último aspecto, humanistas. Mais uma vez, o homem, sua cultura e seus valores estão sendo subestimados a favor de interesses comerciais. Partindo desta constatação, haverá um dia (e não está longe) que o homem não passará de um CPF ambulante e nada mais importará, desde que seus músculos sejam transformados em “lucro”, seu cérebro em uma máquina e suas emoções condicionadas às “conveniências” de uma sociedade capitalista-burguesa, racista, discriminatória e preconceituosa. Triste fim de nós mesmos.
Mas passemos ao terceiro ator, este, extra-oficial, ainda meio “nebuloso” e com um caráter bastante diferente dos demais, citados anteriormente. Este terceiro grupo de atores que têm atuado cada vez com mais consistência no cenário internacional, no questionamento das atuais políticas capitalistas são os chamados “grupos terroristas”. Há uma enorme diversidade de propostas e ideologias mas a premissa básica destes grupos, que não obtêm o apoio da maior parte da população e da mídia é desempenhar um papel de resistência ao sistema político vigente. Temos acompanhado nas últimas semanas o conflito no Líbano, entre as forças do governo e a oposição, representada pelo grupo considerado“terrorista” Hezbollah, apoiado pela Síria e considerado por alguns especialistas “um estado dentro do estado” por ter mais força que o próprio estado libanês. O Líbano vive a ameaça de uma guerra civil e está sem presidente desde o ano passado quando o pró-sírio Emile Lahoud deixou o cargo. A atuação do Hezbollah comprova a capacidade de um grupo considerado “terrorista” e inclusive financiado por outro estado em medir forças com o próprio governo do país, inclusive prevalecendo sobre este. Entretanto, devido às práticas revolucionárias na divulgação de seus ideais, ainda incompreendidos e no uso estratégico de recursos como atentados, sequestros, assassinatos, estes grupos ainda não obtiveram a credibilidade da população. É necessário um amadurecimento saudável de suas ideologias.
Partindo desta reflexão, haverá um modelo ideal na construção de uma nova ordem mundial? Acredito que não! Todos terão falhas, mas, de preferência, que neste século XXI seja adotado um modelo menos desigual, mais justo, que valorize mais o ser humano e não o transforme em uma máquina fria e capitalista. Ciber-humanos de todo o mundo, uní-vos!

domingo, 6 de julho de 2008

O Discurso da Conveniência do candidato à presidência dos EUA, John McCain

Há algum tempo tenho refletido sobre o que leva as pessoas a tomarem determinadas atitudes, a modos de agir (ou atuar) e se comportarem de forma menos "agressiva" nesta nossa "difícil sociabilidade". E percebi que há dois tipos de atitude: a certa e a conveniente. A certa segue uma convicção própria, pessoal e é indiferente a julgamentos. Poucas pessoas têm a coragem e a ousadia de agir conforme suas convicções, pois na nossa sociedade pós-moderna, consumista e alienada, falar o que se pensa e o que se acredita não é "conveniente" e ainda pode ser perigoso. Sendo assim, prevalece o "Discurso da Conveniência", isto é, falar aquilo que querem ouvir ou esperam que você diga. É mais fácil, mais cômodo e você vai ganhar mais credibilidade. Se você seguir o modelo oposto, será discriminado e seu ponto de vista estará limitado a um grito solitário no cyberespaço, como certas pessoas que fazem blogs, mas isto não vem ao caso...
Tenho acompanhado com mais atenção nas últimas semanas a posição defendida sobre política externa do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain. Inclusive, em pesquisa realizada pelo Instituto Gallup e divulgada recentemente, o único quesito que McCain recebe melhor avaliação que Obama é no combate ao terrorismo. Embora preocupações relacionadas à política externa tenham diminuído na lista de prioridades dos norte-americanos em função da crise econômica que atinge o país, os impactos e a abrangência das decisões desta potência imperialista afetam o mundo inteiro. Portanto, cruzar os braços não é o melhor a fazer. O projeto de governo de McCain para a política externa se baseia em dois principais pilares: combate ao terrorismo e manutenção das forças armadas no Iraque. Será que, depois de Bush pai e Bush filho, teremos agora Bush "neto" (adotivo). A linha seguida é a mesma, isto é, "ideologia das entrelinhas". O discurso, embora implícito (não tanto mais), segue o mesmo objetivo: tentativa de permanência dos EUA como potência imperialista, embora o curso da História demonstre um esgotamento deste modelo.
Mas vamos aos fatos: McCain defende que as forças armadas devem permanecer no Iraque até ganharem a guerra. Não só no Iraque, mas também no Afeganistão e nos demais locais onde deve ser combatido o terrorismo e lutar pela democracia. Mas de qual democracia eles estão falando? Deste modelo "ocidental" de democracia, sem considerar as particularidades de cada país, sua estrutura, o funcionamento de sua política... Cada realidade é única, e a imposição de um modelo como único aceitável não é o caminho. Sistemas políticos não são impostos como modelos perfeitos que funcionam em qualquer ocasião. Cada realidade encontra uma forma harmoniosa ou menos conflitiva de se desenvolver e atuar como organismo político, social, cultural e econômico.
Voltando às guerras do Iraque e Afeganistão, ambas custaram aos cofres públicos americanos mais de US$ 3 trilhões de dólares além de milhares de vidas inocentes. Alguém acredita que a guerra no Iraque ainda não acabou? Muitas vezes, em uma guerra, não há vencedores nem vencidos, mas forças paralelas que coexistem entre si. No caso do Iraque, o exército norte-americano e a população civil continuam se enfrentando apesar do alto índice de mortos. A tentativa de implantação de um governo "democrático" pelos EUA fracassou, os EUA não conseguiram a credibilidade da população e sem este apoio, com toda a resistência do povo iraquiano, nada feito. O governo "democrático" não foi implantado (pelo menos não efetivamente), as forças armadas deverão se retirar com uma mão na frente e outra atrás além de alguns milhares de mortos, e o governo americano deverá explicar ao povo como recuperar os dólares "investidos". Triste derrota.
Sob outro aspecto, os EUA pretendiam implantar um "governo democrático" no Iraque. Por quê? Por que eles são bonzinhos, têm um enorme sentimento humanista e solidário... Faz-me rir. Legalmente, respeitando os princípios do Direito Internacional, os EUA não têm nenhum direito de interferir na política interna, autonomia e soberania de nenhum país. O órgão responsável pela definição da entrada das forças armadas no Iraque em busca de armas nucleares é a ONU, entretanto, não teve autoridade e competência suficiente para impedir a invasão dos EUA ao Iraque.
Qual o real motivo para a tentativa de implantação da democracia, principalmente em países que, coincidência ou não, possuem enormes reservas de petróleo, num momento em que as reservas norte-americanas não devem durar mais que uma década? Nada mais conveniente que buscar suprir as próprias deficiências de escassez de energia se apropriando das reservas de países ricos em petróleo e ainda usar um discurso de "combate ao terrorismo" ou "luta pela democracia" como pano de fundo. Depois da Era dos Impérios, da Era das Revoluções, da Era dos Extremos, chegamos à "Era do Neocolonialismo Mascarado" em que papéis se fundem e fica difícil saber quem veio salvar e quem veio destruir, quem é o mocinho e quem é o bandido. Quem sabe o bandido não se disfarça de mocinho quando lhe é conveniente?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Hipocrisia ocidental contra uma China "cruel"

Colaboração de Samir Garcia Maia

Não existe valor com relação à cultura!
Cultura é cultura. Não há uma que seja melhor que a outra.
Se os chineses fazem o que fazem não temos o direito de julgá-los.
Nós, ocidentais, fazemos ou apoiamos muitas atitudes que estão longe do divino, a diferença é que agimos silenciosamente, ou, se preferirem, com uma máscara.
Criamos o capitalismo e com ele, o egoísmo, a ganância, a arrogância, as guerras...
A nação que consideramos modelo, EUA, jogaram bombas atômicas em duas cidades japonesas, usando pessoas inocentes para mostrar ao mundo o tamanho de seu poder. Mataram milhões no Vietnã, no Golfo, no Iraque... Também financiaram a ditadura militar em toda América Latina e exploram até hoje os países mais pobres.
Nós temos o hábito de depreciar os costumes de culturas diferentes da nossa.
Julgamos o fato deles comerem cachorros e gatos, assim como, os indianos julgam o nosso de comer carne de vaca.
Julgamos o fato deles matarem os animais e esquecemos que o nosso consumo desenfreado é responsável pela degradação do meio ambiente e, consequentemente, pelo extermínio de diversas espécies.
Quanto às crianças mortas, essa é a política do país, os chineses sabem que só podem ter um filho, é a lei. Não estou defendendo esta prática, muito pelo contrário, mas a partir do momento que é a lei do local, não temos direito de questioná-la.
No ocidente, as crianças morrem por puro egoísmo da sociedade. Seria cômico, se não fosse trágico, mas enquanto nos espantamos com o controle de natalidade chinês, vemos diariamente crianças subnutridas nas ruas brasileiras, passando frio, fome, humilhação, dentre outras coisas e fingimos que não temos nada a ver com isso, fechamos o vidro do carro e assumimos nossa indiferença.
Adoramos apontar e julgar o quanto é feio o quintal do vizinho, mas esquecemos de olhar o quanto nosso quintal necessita de reparos.
Se há costumes estranhos para nós na cultura chinesa, há muitos outros na nossa cultura estranhos para eles, inclusive nossa intolerância com o "diferente".

Enquete

Você concorda com a entrada da Venezuela no Mercosul?

(Antes de responder à enquete, leia o artigo abaixo)

VENEZUELA: DA REVOLUÇÃO À INTEGRAÇÃO

Quando Simon Bolívar iniciou a sua luta pela solidariedade entre os povos, união e integração de países americanos, não imaginava que um dia essa integração poderia tomar um rumo diferente, com outros objetivos. Países com divergentes contextos históricos, culturais, políticos e econômicos, que até há algum tempo se relacionavam num cenário de hostilidade, hoje em dia, devido às exigências de um mercado cada vez mais competitivo e integrado vêem-se obrigados a unirem seus esforços e inclusive relevar alguns aspectos divergentes de sua política interna, no combate ao isolacionismo a partir da participação em blocos integracionistas, com um objetivo primordial: promover uma política econômica comum, reduzir as tarifas alfandegárias e, assim, estimular o comércio regional em favorecimento das partes envolvidas. Atualmente, a grande polêmica em torno do Mercosul é em relação à entrada da Venezuela no bloco, que já teve sua adesão confirmada, mas não integralmente, ainda sem direito a voto. Os principais oposicionistas são o senado brasileiro, que tem poderes suficientes para vetar a entrada da Venezuela no bloco e defendem argumentos, de certa forma, coerentes. O principal argumento é em relação ao caráter polêmico e “autoritário” do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que tem sido acusado por integrantes do Mercosul de não respeitar os princípios básicos da democracia, crítica sem fundamento se considerarmos que a política interna de Chávez não se prevalece de decisões unilaterais e sempre recorre aos métodos convencionais de escolha democrática, como eleições e plebiscitos. Além disso, muitos argumentam que as ferozes críticas de Hugo Chávez à política externa norte-americana surge como mais um entrave para a entrada do país no bloco, pois pode prejudicar a imagem do Mercosul no exterior. Mas a questão política pode tomar menores proporções quando o assunto é a economia. De acordo com a Revista Época, desde o início do governo Lula, em 2003 até 2006 as exportações brasileiras para a Venezuela cresceram 486%. Saltaram de pouco mais de US$ 600 milhões para US$ 3,5 bilhões. Além disso, em tempos de racionamento de energia, de busca de fontes alternativas, um parceiro como a Venezuela pode significar um acesso livre a um país com a sexta maior reserva de petróleo do mundo. Se o assunto é economia, o Mercosul, apesar dos entraves burocráticos, das divergências e realidades muitas vezes conflitivas dos países-membros está a caminho e pretende ser uma solução em um mundo cada vez mais integrado. Mas as barreiras para a entrada da Venezuela no bloco, como é nítido, não são econômicas, mas políticas. Quem sabe, com a formação do mais recente órgão político que pretende promover o diálogo, a UNASUL, (mais um, já temos a OEA....) seja possível a condução de um diálogo que releve as “convicções pessoais”. Há alguns meses acompanhei a relutância da Holanda em ratificar alguns acordos da União Européia temendo comprometer as liberdades individuais de seus cidadãos. E não só este caso, são vários os exemplos, afinal, conciliar interesses divergentes, com realidades totalmente distintas tem sido o principal desafio deste início do século XXI, uma tendência nítida na formação do que já é considerado uma “Nova Ordem Mundial” em que predominam os blocos econômicos e, infelizmente, uma padronização, homogeneização da sociedade, seus hábitos e valores.
Entretanto, ainda resta uma alternativa menos conflitiva para a Venezuela. A criação em 2004 da ALBA, Alternativa Bolivariana para as Américas, surge como uma contraproposta que atende melhor interesses de países como Venezuela, Bolívia e Cuba. Os principais pilares deste órgão são o desenvolvimento social e um projeto de integração das forças armadas. Ainda não sabemos como será o percurso destes novos blocos sócio-econômicos que estão surgindo. Alguns, vão se fortalecer e outros, como é previsível, vão ruir. Mas uma coisa é certa: os países precisarão se unir se quiserem atuar mais fortalecidos no jogo (im)previsível da política internacional. E para que a união dê certo, precisarão buscar parceiros com afinidades. Disso, Simon Bolívar já sabia.

domingo, 1 de junho de 2008

ESTADO NACIONAL: NASCIMENTO E MORTE

O objetivo deste artigo é fazer uma breve explanação de alguns conceitos relacionados ao Estado soberano e à busca por uma identidade nacional. Com base em estudos da área de geopolítica, o autor pretende demonstrar a atualidade deste tema vinculado à uma busca por uma identidade nacional a partir da recusa do “outro” e à auto-afirmação do “eu”, como um discurso que prevalece como uma das maiores preocupações dos Estados Nacionais na atualidade.
O estudo da geopolítica mundial é atualmente baseado pelo contexto pós segunda guerra mundial, no cenário da guerra fria em que prevaleceu o confronto ideológico entre os Estados Unidos da América e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), atual Rússia. Após este período, o mundo pôde conferir alguns reflexos deste embate: conflitos armados, descolonização, guerras civis, corrida espacial e guerras nucleares. Após a reunificação alemã e o fim da guerra fria, houve o surgimento de uma nova ordem internacional onde prevaleceram os interesses internacionais em detrimento do Estado Nacional. A interdependência econômica dos países é crescente neste momento. Pode-se supor, portanto, que cresce a pressão para a aceitação de comportamentos adaptados ao “mundo globalizado” através da uniformização de culturas. É neste período que surgem outras necessidades como a busca por valores individuais, a auto-afirmação dos povos a recusa do “outro”, refletidas em políticas em que prevalecem o discurso da xenofobia e racismo.
FORMAÇÃO E DECLÍNIO DE UM ESTADO NACIONAL
Vivemos uma crise mundial, com novos questionamentos, mudanças no conceito de Estado soberano, mudanças na perspectiva deste estado como instituição passando a grandes reestruturações que se iniciaram após o término da Segunda Guerra Mundial, com territórios desmembrados, anexados, uma Europa recortada e retalhada , uma África dominada e massacrada pelas colônias estrangeiras e uma América do Sul que, após se libertar das mãos do colonizador-explorador viu-se entregue a governos ditatoriais. Enfim, estas e outras regiões estão em constante mutação, devido aos processos normais de evolução e inquietação do homem, com a incessante pretensão de dominação, exploração e busca por novos mercados consumidores e fornecedores de matéria prima.As guerras geográficas, políticas, culturais e ideológicas sempre existiram. A partir do momento em que o homem percebeu que poderia ter mais do que tinha, poderia ser mais do que era e poderia exercer seu poder sobre os outros, com o objetivo de aumentar suas posses, fortuna e influência, ele desejou buscar o desconhecido. Estados mais fortes política e culturalmente buscavam incorporar-se a outros como forma de manter sua hegemonia e poder, sendo que, ao longo dos séculos, o mapa mundial sofreu várias alterações. Alguns Estados foram criados, outros foram profundamente modificados e outros simplesmente desapareceram. E nessa conjuntura foram se formando a classe dos dominados e dos dominantes. Na época da Segunda Guerra Mundial, a visão da Alemanha nazista era de que “o estado precisa de espaço para sobreviver”, a fim de justificar suas pretensões expansionistas em direção às estepes férteis ucranianas e do Cáucaso, rico em petróleo. Esta era uma justificativa alemã, para dominação desta região.
Mas esta visão de dominação pode ser “provocada e consciente” através de conflitos e guerras, ou pode ser “natural e inconsciente”, através de uma própria necessidade de mudança na postura e mentalidade da sociedade, algo que ocorre de forma natural. Segundo o geógrafo sueco Rudolph Kjellen, no livro “O estado como manifestação da vida“, “(...) o estado como um organismo geográfico se assemelha a um ser vivo, sujeito a nascimento, desenvolvimento, declínio e morte”. Assim funcionou em diversas sociedades arcaicas como a greco-romana, que foram perdendo ao longo dos anos suas características particulares, e, através de uma maior comunicação com outras sociedades na época, foram incorporando valores e costumes e adaptando à sua maneira.
No livro “Antropogeografia – Fundamentos da aplicação da geografia à história”, o geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844 - 1904), diz que “Espaço é poder”. Espaço e Poder na história das relações que regem o mundo internacional podem serem considerados sinônimos. Isto é claramente verificado no recente episódio da guerra dos Estados Unidos e Iraque, uma demonstração de dominação e prova de poder pelos Estados Unidos. Seguindo este raciocínio, o conceito de Estado soberano está ameaçado, a partir do momento que um povo perdeu sua autonomia, dentro do seu próprio Estado.
Para outros autores, este fenômeno é ainda mais antigo.(...) a desintegração interna começou após a primeira guerra mundial, em conseqüência do aparecimento das minorias criadas pelos tratados de paz e do movimento crescente de refugiados, resultado das revoluções. ARENDT, Hannah apud SOARES. 1978, 350. Podemos voltar a um passado ainda mais remoto para explicar este fenômeno. Desde as invasões bárbaras, à constituição dos estados atuais, vários foram os processos submetidos pelas sociedades. Sem dúvida, as guerras mundiais foram as maiores responsáveis pelo que é considerado o continente Europeu atual. Mas não somente a Europa foi afetada neste processo. O continente Africano, em que a maioria das colônias pertenceram aos estados europeus, a região do atual Oriente Médio, que ainda passa por constantes mudanças no que se refere à posse e soberania e o continente americano, ex-colônias européias que foram e continuam sendo regiões vítimas de dominação e exploração, apesar de, nesta região o imperialismo no momento se caracterizar muito mais ideologicamente.
PERDA DE IDENTIDADE
As guerras também contribuíram para uma aproximação entre povos e culturas. Atualmente, apesar de ainda se manifestarem através de conflitos armados, perderam espaço para as guerras psicológicas e ideológicas. O homem está buscando impor sua força através de recursos alternativos, através de uma imposição ideológica, em que prevalece uma mudança de comportamentos em busca de uma uniformização de estereótipos (justificada implicitamente pela busca de mercado consumidor), resultando, desta forma, na perda das características individuais. As guerras ideológicas nada mais são que “imposições” implícitas dos países dominantes sobre os dominados, através de uma mudança de comportamentos e atitudes de seu povo. Se Luís XVI fosse vivo hoje, mudaria o discurso de “ É melhor ser temido do que ser amado” para “É melhor ser amado do que ser temido”. Essa é a estratégia utilizada por países “intelectualmente” desenvolvidos, que utiliza de mensagens ideológicas à fim de justificar suas políticas expansionistas.
Neste momento pós-guerra fria é que está surgindo uma nova ordem internacional, fundamentada por organizações internacionais integracionistas e nos interesses das multinacionais. SOARES. 172. É o mundo globalizado, resultado de toda uma massificação da sociedade e de uma integração e interdependência entre os estados. A sociedade do mundo globalizado vive uma fase de perda da própria identidade e os Estados Nacionais em perda de sua autonomia e soberania, para participarem de um mercado comum, de objetivos e interesses iguais, sendo que, aquele que foge à regra, é “induzido” à seguí-la ou eliminado do jogo.
RECUSA DO “OUTRO” VALORIZAÇÃO DO “EU”
Este tema merece ser melhor abordado, a partir de uma pesquisa mais sólida e consistente do assunto, que aborde o nascimento e morte de um estado nacional, vinculado a suas causas e consequências. Entretanto, uma análise do atual contexto mundial serviu para nos fornecer uma base do momento em que vivemos. Essa explanação relacionada ao estado-nação, “nascimento e morte” evidenciou alguns pontos que merecem ser abordados futuramente. Após um período de intensa globalização, internacionalização de culturas e perda da identidade nacional, um fenômeno tem ficado cada vez mais claro: os “estados-nação” (não sei se ainda podemos usar este termo) têm descoberto os lados negativos da globalização (após uma euforia justificada pela internacionalização de mercados e potencial de consumo.) A perda da identidade e dos valores nacionais têm feito com que países venham a se questionar sobre as reais vantagens da globalização. Este fenômeno tem despertado a consciência de “valores nacionais”, “busca de uma identidade” e “retorno às raízes”, e resumindo: uma recusa do “outro” e valorização do “eu”. As inúmeras possibilidades de internacionalização de mercados têm nos levado a alguns questionamentos: até que ponto perderei minha identidade? A perda da identidade tem levado o homem a repensar a si mesmo e ao outro, e consequentemente, se auto-valorizar e subestimar o outro. Apesar de demonstrações de racismo em toda a história mundial, principalmente no período do holocausto em que milhões de judeus foram dizimados, alguma políticas racistas e xenófobas têm sido amplamente divulgadas o que nos leva a crer que caminhamos para um “repensar” do “outro” como algo “alheio” e “inferior” a nós. Alguns exemplos recentes têm demonstrado isso. Um deles é a atual crise pela qual está passando a União Européia, em que, mediante políticas integracionistas, vários países têm tido receio de perder suas liberdades individuais. Outro caso que reflete este fenômeno foi o recém eleito presidente da França, Nicolas Sarcozy. Com uma política que combate a entrada de estrangeiros no país, Sarkozy defende a criação de um ministério da imigração e o endurecimento do controle das fronteiras nacionais. Baseado em uma política racista e xenófoba, Sarkozy e a população da França são mais um exemplo dos questionamentos que prometem tumultuar as relações internacionais no momento: internacionalizar vale (realmente) a pena?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1959
MATTELARD, Armand. Comunicação Mundo – História das idéias e estratégias. Rio de Janeiro: Vozes, 1994
MELO, José Marques de. Comunicação: Teoria e Política. São Paulo: Summus. 1985
SOARES, Mário Lúcio Quintão. Direitos Fundamentais e Direito Comunitário
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998

domingo, 25 de maio de 2008

Da Blog Editoria - Volta ao mundo reflete sobre novos atores no cenário internacional...

Olá Pessoal!
Depois de algumas semanas desaparecida por este mundo virtual retomo minha volta ao mundo real em algumas linhas falando de um assunto cada vez mais nítido: A Fragilidade do Estado. Participamos a cada dia de um questionamento em relação ao papel do estado como instituição na representação dos direitos e deveres do cidadão e no seu enfraquecimento relacionado ao surgimento de novos atores na esfera internacional. Há algum tempo escrevi um artigo sobre nascimento e morte do estado-nação (vou postá-lo aqui) em que descrevi que de acordo com a ineficiência do estado, ele estaria cedendo espaço às grandes corporações. Agora estou escrevendo um outro artigo em que exponho isto melhor, mencionando inclusive outros “atores” nesta substituição do estado. Este artigo se chama “Nova Ordem Mundial: ou será uma (des)ordem?”, assim que concluir, postar-lo-ei neste espaço, aguardem. Mas, desde já vou esclarecer um pouco sobre estes “atores” e que têm relação com dois episódios recentes, no cenário internacional. Além das grandes corporações, conforme já mencionei que interferem na política interna de um determinado país e em sua economia, refletindo na vida dos habitantes, presenciamos nesta semana a criação de mais um organismo internacional: a UNASUL. Alguém poderia me dizer em quê diferenciam, de fato, os propósitos da UNASUL, com o MERCOSUL e com a própria OEA? Sim, porque de discursos políticos já estamos fartos, a criação de mais um organismo internacional irá contribuir efetivamente para a integração entre os povos da América do Sul, não bastaria fazer valer os inúmeros tratados e resoluções já em vigor regulamentados pelas duas instituições, MERCOSUL e OEA? O próprio Mercosul, através do presidente Hugo Chávez da Venezuela (que apesar de ainda não ter entrado para o Mercosul, já dá palpites) havia cogitado a criação de uma espécie de força militar integrada, este assunto já virou pauta da UNASUL e mais uma vez este discurso pode tornar-se inviável devido à incapacidade de seus líderes em torná-los ações de ordem prática. Enfim, veremos qual será o resultado da criação de mais um organismo burocrático de “integração regional”, ainda mais considerando que a Colômbia já manifestou (alguém aí se surpreendeu?!?!) resistência a alguns propósitos do órgão, principalmente à formação de uma força militar única. Bom, mas temos tempo, pelo menos enquanto durar o mandato de nossos atuais representantes.Mas toda essa minha introdução fugiu um pouco, na realidade meu objetivo era falar de um novo tipo de ator que tem surgido em substituição ao estado: são os organismos econômico-regionais-internacionais. Em breve, de acordo com minha opinião, os interesses defendidos, as políticas implantadas, as questões estratégicas serão delimitadas não mais pelas fronteiras atuais, que demarcam o limite de um estado-nação, mas serão expandidas, englobando um grupo maior de países, como os atuais organismos: UE, Mercosul, Nafta, G8 e por aí vai. Não só o comércio global será afetado flexibilizando as barreiras alfandegárias dentro de um mesmo bloco, mas a questão da “uniformização da identidade cultural”, do “homem-massa-entretenimento-alienação”, da questão linguística e da perda do valor da preservação do pátrimônio histórico em detrimento de uma super-valorização do tecnológico, perda dos valores humanos, enfim uma série de consequências prejudiciais para o ser humano. Aqui não é futurologia gente, é simplesmente uma 'RACIONALIZAÇÃO SISTEMÁTICA DO ÓBVIO”. Indícios temos de sobra. Basta ter sensibilidade para percebê-lo.
E um terceiro ator de peso no cenário internacional são os grupos considerados “terroristas”. Há algum tempo escrevi neste humilde espaço a minha dificuldade em compreender o que era “ser terrorista”. Mas, deixando de lado os conceitos, temos acompanhado nas últimas semanas o conflito no Líbano, entre as forças do governo e a oposição, representada pelo grupo considerado“terrorista” Hezbollah, apoiado pela Síria e considerado por alguns especialistas “um estado dentro do estado” por ter mais força que o próprio estado libanês. O Líbano vive a ameaça de uma guerra civil e está sem presidente desde o ano passado quando o pró-sírio Emile Lahoud deixou o cargo. A atuação do Hezbollah comprova a capacidade de um grupo considerado “terrorista” e inclusive financiado por outro estado em medir forças com o próprio governo do país, inclusive prevalecendo sobre este. Quem não se lembra da cidade de São Paulo ter sido invadida e atacada por integrantes do PCC em maio do ano retrasado? Me lembro muito bem do comércio de portas fechadas às três horas da tarde, de todo o caos, nunca tinha vivido uma situação parecida. Me lembro inclusive que o PCC interrompeu a programação da Rede Globo (maior emissora do país e terceira maior do mundo) em horário nobre para fazer uma transmissão do grupo. Como a quinta maior cidade do mundo, com 15 milhões de habitantes esteve refém de uma organização criminosa por vários dias e o que o estado fez para contê-la e cumprir com a sua obrigação na garantia de segurança? Não ficou comprovado nestes dias que o próprio PCC obtinha muito mais poder que o próprio estado? Algum tempo depois foi veiculado um vídeo no youtube sobre a participação do PCC no auxílio às comunidades carentes, no fornecimento de alimentos, infra-estrutura e inclusive formas de entretenimento. Alguém se perguntou onde estava o “estado” neste momento, que deveria estar garantindo o cumprimento da constituição aos habitantes de seu país? Provavelmente definindo quem seria o próximo relator da próxima CPI.... E, quando há um espaço vago e seu proprietário não o assume, a tendência é que outro tome as rédeas. É o que está acontecendo.
Tirem suas próprias conclusões.
Abraços,
Renata

sábado, 3 de maio de 2008

Da Blog-editoria

Olá Pessoal
Me desculpem pelo sumiço, mas nos últimos dias estive somente acompanhando as notícias, como uma leitora passiva, introspectiva, reflexiva e portanto resolvi me abster de qualquer comentário, mas estou de volta, com minhas impressões dos últimos dias. Por uma questão de identidade, já existe um site com o nome Panorama Internacional, resolvi mudar o nome do Blog para “Volta ao Mundo em algumas linhas, que já é o endereço... Sendo assim,vamos pela nossa volta ao mundo...

Rapidinhas
Paraguai
Começando pela América Latina. Por aqui, o último fato de relevância foi a eleição do candidato da esquerda, o ex-bispo Fernando Lugo para a presidência do Paraguai, derrotando o partido conservador Colorado, no poder há 61 anos. Apelidado de “bispo dos pobres” ou “bispo vermelho”, Fernando Lugo, de 57 anos, abandonou a vida religiosa em dezembro de 2006 para se candidatar à presidência. Com sua ascensão ao poder, todos os países-membros do Mercosul passam a ser governados por dirigentes de esquerda. É nítida a presença de governos de esquerda em países da América Latina, uma tendência que tem se fortalecido. Isso reflete a necessidade da população em promover mudanças de caráter mais estrutural, principalmente no âmbito social.

Estados Unidos
A telenovela das eleições americanas continua cada vez mais acirrada com a disputa nas prévias eleitorais pelo partido democrata dos candidatos Hillary Clinton e Barack Obama. Contrariando as expectativas, a Hillary apresentou uma leve subida nos índices, algo de certa forma previsível, considerando as últimas denúncias do pastor Jeremiah Wright, sobre Obama. Para quem quer conhecer melhor o perfil dos canditatos, o site http://www.idelberavelar.com/archives/2008/01/eleicoes_americanas_um_abc.php descreve de forma irônica e bem-humorada cada um deles. Embora esteja um pouco desatualizado, vale a pena ver lá.

China
Depois da tumultuada turnê no exterior, a tocha olímpica retornou à China. Milhares de pessoas se reuniram nesta sexta-feira em Hong Kong para para assistir ao revezamento da tocha. O percurso durou cerca de oito horas e transcorreu num ambiente mais calmo do que o observado na passagem da tocha olímpica em Londres, Paris ou São Francisco, quando manifestações contra a repressão no Tibete provocaram distúrbios no revezamento. Por onde passou, algo que deveria ser uma demonstração de união entre os povos e do espírito olímpico enfrentou manifestações de hostilidade e resistência em diversos países em defesa à independência do Tibete. O espírito olímpico foi substituído pela escolta policial.

Zimbábue
A comissão eleitoral do Zimbábue finalmente divulgou nesta sexta-feira os resultados do primeiro turno da eleição presidencial de 29 de março passado: o líder oposicionista Morgan Tsvangirai venceu a etapa, mas não conseguiu vantagem suficiente para evitar um segundo turno. Segundo os dados oficiais, Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), ficou com 47,9 por cento dos votos. O atual presidente, Robert Mugabe, obteve 43,2 por cento. A oposição contesta os resultados e insiste no fato de que Tsvangirai venceu a eleição com 50,3 por cento de votos.
Fonte: http://www.rfi.fr

Bolívia
E atravessando novamente o Oceano Atlântico viemos parar na Bolívia. Está marcado para amanhã um referendo que decidirá sobre a autonomia da região de Santa Cruz de la Sierra, considerada a responsável por 40% da receita bruta do país. O presidente Evo Morales é contra a autonomia da região e justifica que o país depende dos recursos produzidos por Santa Cruz de la Sierra para manutenção das regiões mais pobres. Analistas temem que uma provável crise interna atinja o país. Evo Morales anunciou na última quinta-feira que o seu governo assumiu o controle da principal companhia telefônica do país, a Entel e de outras quatro empresas de petróleo, dinamizando seu projeto de nacionalização.

Terminamos aqui nossa volta ao mundo, mas antes ainda, gostaria de agradecer os vários emails que tenho recebido e dizer que este espaço está aberto para colaboradores, portanto, me mandem seus artigos, crônicas... Mandem para o email: renata_duraes@yahoo.com.br Inclusive, em breve será publicado um artigo de nossa primeira colaboradora, diretamente de Tel Aviv, Israel. Também teremos uma entrevista com o tema: Kosovo-Bolívia-Tibete: movimentos separatistas e direito internacional. Aguardem e bom fim de semana.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Da Blog-editoria

Olá Pessoal!
Estou escrevendo somente para dizer que até domingo eu coloco o "Panorama da Semana" e se divirtam com a leitura!
Também gostaria de anunciar o novo Layout deste Blog, com um novo colorido e em breve também teremos um espaço interativo com você, leitor! Também pretendo colocar fotos, mapas e gráficos para tornar a sua leitura mais agradável.
Estamos começando esta fase do blog com duas novas seções: a blog-rapidinhas que você poderá ler comentários curtos e a seção blog-entrevistas que na próxima semana terá sua estréia com a entrevista de um especialista em jornalismo internacional. Não deixem de conferir.
Um abraço e boa leitura!
Renata

Blog-rapidinhas

Blog-rapidinhas 1 - EUA / Kosovo / Tibete
Pertinente e em ótimo momento a declaração do presidente da Venezuela Hugo Chavez sobre os recentes conflitos separatista em Kosovo e no Tibete. Segundo Chavez, o apoio dos Estados Unidos à independência do Kosovo e do Tibete se justificam por um interesse em enfraquecer a Rússia e a China. Inclusive, nesta semana acompanhei alguns artigos sobre o uso de agências humanitárias americanas no fornecimento de infra-estrutura para países em crise política, principalmente que estão envolvidos em conflitos separatistas. Segundo os artigos publicados, (ainda pretendo estudar melhor este material) os Estados Unidos se utilizam da política de "ajuda humanitária", principalmente em países pertencentes da ex-Iugoslávia com o objetivo de torná-los dependentes de sua "ajuda" e assim, "impor" consequentemente uma dependência econômica, estrutural, com a justificativa de "auxíliar numa construção democrática"...
Blog-rapidinhas 2 - EUA / OTAN
"A Guerra Fria não acabou, só que, agora o representante da vertente capitalista se utiliza de estratégias mais moderadas ou de uma política externa menos declarada". É interessante observar as mudanças na geopolítica mundial após a queda do sistema socialista e a predominância do sistema capitalista. O início dos trâmites para adesão da Albânia à OTAN e o recente interesse da OTAN em incorporar ao bloco a Ucrânia e a Geórgia, antigas repúblicas da ex-União Soviética e ex- integrantes do Pacto de Varsóvia, suscitam uma discussão mais ampla em relação à política imperialista norte-americana.
Blog-rapidinhas 2 - Colômbia / França
Retornou para a França a missão humanitária encarregada de prestar auxílio médico à Ingrid Betancourt, sequestrada pelas FARCs há 6 anos. Segundo as FARCs, a senadora franco-colombiana estaria sofrendo de diversas doenças e seu estado de saúde era muito grave. Não sei se, nessas condições, Ingrid resistiria por tanto tempo, afinal, sua última foto divulgada foi no ano passado e não há provas de que ela ainda esteja viva. E qual seria o interesse das FARCs em divulgar a sua morte? Afinal, sua morte poderia trazer graves consequências envolvendo a França, a Colômbia e provavelmente Estados Unidos e Venezuela....

"A PRÓSPERA ILHA"

"I have a dream", quem não se lembra da célebre frase pronunciada por Martin Luther King? Pois outro dia assisti ao Programa "Sem Fronteiras" da Globonews, sobre a possibilidade de Barack Obama ser eleito presidente dos Estados Unidos e referenciava a luta pelos direitos civis dos negros e fiquei com esta frase na cabeça... Pois, "I had a dream", literalmente. Sonhei com a Ilha de Próspero, descrita por Shakespeare na peça "A tempestade". A minha ilha se parece muito com a Ilha de Próspero e as pessoas que lá habitavam. Mas na minha ilha reinava a solidariedade entre os povos. Conceitos de raça, racismo, imperialismo, dominação, fronteiras, estado-nação não existiam. Na Ilha, o espírito de solidariedade prevalecia sobre os povos... Escrita em 1611, "A Tempestade", última obra de Shakespeare, expõe nitidamente os conceitos de fortuna e virtú, introduzidos por Maquiavel, em "O Príncipe". Gostaria de pensar quem habitaria a Ilha de Próspero nos dias de hoje... Fica aí a minha proposta: quem você colocaria no barquinho e mandaria para a Ilha de Próspero? A Dilma Roussef, o Lula, o Dirceu, o Severino Cavalcanti, o Serra, a Marta Suplicy, a Heloísa Helena... Acho que o barquinho se afundaria, mas tudo bem, fica a proposta para aqueles que entenderam a metáfora...

sexta-feira, 21 de março de 2008

A RELATIVIDADE DOS CONCEITOS

Tenho duas observações a fazer sobre o campo teórico da esfera internacional. Sinto um enorme vácuo na formulação dos conceitos que abrangem esta área. Por exemplo, não sei muito bem o conceito de "raça" (embora saiba que a raça em si não mais existe), o conceito de racismo e, o mais crítico de todos, o conceito de nacionalismo e terrorismo. De quem é a competência para definir estes conceitos? São conceitos amplamente disseminados erroneamente por jornalistas (e muitos nem se preocupam com isso, pois é tarefa da área de Ciências Sociais, mas enfim, também nos atinge...) Estes conceitos são muito fragmentados, não há uma unidade, uma coerência lógica entre eles. O que podemos perceber deste vazio é que ele é preenchido pela concepção ideológica de cada cientista, por exemplo, se um teórico marxista for descrever o que é fundamentalismo, ou terrorismo, terá uma visão. Mas confira estes conceitos ao serem defendidos por um teórico anarquista, ou liberal, a questão muda de figura. O fato é que estamos aqui lidando com Ciências Humanas e como o próprio nome já diz, não é exata e portanto "a relatividade" dos conceitos é maior... Proponho aqui a formulação de um novo tipo de ciência: "Ciências Internacionais". Fica aí a proposta. E está passando da hora.
Minha segunda observação sobre o vácuo no campo das referências teóricas foi sobre a fragilidade e a não-sustentação de alguns conceitos. Como posso dizer que as "fronteiras nacionais são inventadas", que "as identidades são fabricadas", que o próprio conceito de "política" foi forjado? Vou começar a achar que eu mesma não existo, esta aqui que vos escreve é uma "projeção do inconsciente de um grupo de leitores que gostariam de ler sobre este assunto e me criaram, então eu também não existo senão em um ambiente virtual". O vocabulário internacional tem destes problemas técnicos. Mas qual deve ser minha referência quando tudo é relativo? O que é "o real" quando o próprio conceito de "real" é relativo? Posso dizer que "o real" é simplesmente uma crença individual subordinada ao tempo e ao espaço? Então, "o real" é relativo, cada pessoa cultiva o que considera real. Sendo assim, sendo o real uma invenção de nosso imaginário, nossa existência está condicionada ao nosso imaginário.

Mas aí surge outro problema: se o real é relativo, as leis e a constituição também o são. Vejamos um exemplo: para mim, eu posso matar alguém e usar minha religião como justificativa, ou usar a desculpa de que precisava matar para roubar esta pessoa e assim comprar comida para meus filhos que estavam morrendo de fome... Sendo assim, meus atos estão subordinados à minha realidade, então, posso matar e estará tudo bem. Sendo assim, as leis e a constituição que regulam o convívio social não fazem sentido, pois cada um deveria seguir a sua própria realidade... Complicado isso: minha realidade particular deve se sobrepor às instituições que regulam a sociedade (pensem nas consequências disto) ou as normas, regras e tudo mais deve conduzir meu comportamento em sociedade?

NOSSAS FRONTEIRAS IMAGINÁRIAS - NOSSOS RANCORES IMAGINÁRIOS

Nas últimas semanas acompanhamos alguns episódios que têm se tornado cada vez mais comuns desde o século XX. Brasileiros que viajavam para a Espanha foram impedidos de entrar no país e deportados para o Brasil. Em resposta, o Brasil procedeu da mesma forma, deportando espanhóis que quisessem entrar no país. Uma crise diplomática? Uma crise de fronteiras? Qual a relação desta crise com aquela desencadeada pela Colômbia que invadiu o território do Equador com a justificativa de combater as FARC? Estes dois episódios demonstram uma radicalização dos sentimentos nacionalistas na preservação de fronteiras de um país, algo que, se fosse pensado há algum tempo quando as fronteiras ainda não haviam sido "construídas" ou "imaginadas", não faria o menor sentido. Essa questão foi retratada no livro "Nações e nacionalismos desde 1780", por Eric Hobsbawm. Gostaria ainda de ilustrar este episódio com um trecho retirado do livro "Jornalismo Internacional", do João Batista Natali:
"Se hoje um determinado país estrangeiro invadir nosso território, nós nos sentiremos inequivocamente aviltados em nosso nacionalismo. O estado-nação é, em nosso imaginário, algo inviolável. Pois bem: no finzinho do século XVIII e no começo do século XIX inexistia na cabeça das pessoas algo assemelhado ao nacionalismo tal como ele funciona hoje, com seus múltiplos discursos que atribuem identidade a determinado povo e segregam as comunidades internas e externas que não fazem parte dele." Estes conceitos que vêm sendo amplamente discutidos na esfera internacional e regem os principais conflitos mundiais contemporâneos são frutos desta "construção de fronteiras imaginárias", algo impensável antes da Revolução Francesa. Podemos dizer que à medida em que o homem impôs alguns limites geográficos, foram gerados sentimentos ultranacionalistas e de repulsa às comunidades que não estivessem dentro destas fronteiras. Como consequência, podemos verificar o racismo, a xenofobia, as políticas de restrição à imigrantes... No aspecto prático, as várias guerras travadas e os movimentos separatistas.

domingo, 9 de março de 2008

Panorama da Semana – 1 a 9 de Março

Nesta semana a notícia de destaque no cenário internacional foi a crise diplomática envolvendo três países da América Latina: Colômbia, Equador e Venezuela. Esta crise teve início no assassinato do número 2 das FARC, Raúl Reyes, por militares colombianos em território equatoriano. Este fato foi duramente rechaçado pelo presidente do Equador, Rafael Corrêa que acusou a Colômbia de violação dos príncípios do direito internacional ao ultrapassar a fronteira do seu país, ferindo a soberania do Estado. Após o assassinato de Raúl Reyes, o material apreendido forneceu evidências de um vínculo entre as FARC e o presidente da Venezuela Hugo Chávez. Uribe acusou Chávez de financiar a “guerrilha terrorista” FARC e estes episódios resultaram na expulsão de representantes diplomáticos da Colômbia que estavam no Equador e na Venezuela. O episódio não se resume em um fato isolado, mas na consequência de “barril de pólvora”, prestes a explodir. Apesar de grande parte da mídia defender o argumento de que as FARC são uma guerrilha terrorista envolvida com o narcotráfico, este argumento é insustentável. A realidade, segundo observadores mais atentos, é que o governo colombiano se aliou aos EUA com o objetivo de dominar as FARC, mas, até então, qual é o interesse estratégico dos Estados Unidos nesta história? Pelo que conhecemos, a política externa imperialista norte-americana se envolve em questões internas de outros países, desde que isto interfira em seus interesses. Os Estados Unidos passam por uma séria crise financeira, derivada do mercado de crédito imobiliário, resultando em prejuízos bancários, como os divulgados recentemente pelo Citybank e pelo Merrill Lynch. As reservas externas americanas têm capacidade para mais um ano. Depois deste período, os EUA estarão dependentes dos países exportadores de petróleo e nada mais lógico que buscar “parceiros” nesta empreitada. Antes da Colômbia, a alternativa foi o domínio das reservas de petróleo do Iraque, baseada na justificativa de uma guerra contra o terrorismo e, parece que, por lá não alcançaram este objetivo. Então, resolveram investir na segunda opção: Colômbia. Mais uma vez a justificativa foi a mesma: guerra contra o terrorismo. Alguém saberia me dizer, porque é tão difícil definir o conceito de terrorismo? A própria ONU não tem interesse em ser clara. Se definirmos o conceito, o principal prejudicado seriam os Estados Unidos, que cometem atos terroristas em nome da defesa da democracia. Que tipo de democracia é esta que intervém na política interna de diversos países, algo que foge de sua competência e institui prisões como Guantánamo e Abu Graib, que ferem o direito de defesa do cidadão impedindo-o de ter um julgamento justo? “Façam o que eu digo mas não façam o que eu faço”, são os princípios básicos da política externa norte-americana. Os interesses dos EUA no Iraque foram “projetados” para a Colômbia no intuito de garantir suas reservas de petróleo. E a guerra contra o terrorismo e a favor da democracia é um pretexto um tanto plausível. Depois da intervenção da OEA na tentativa de solucionar o conflito, me parece que agora, a hostilidade será amenizada. Mas a qualquer momento pode voltar. O que podemos concluir desta situação é que Álvaro Uribe e as forças imperialistas dos Estados Unidos estão perdendo suas forças. E o cenário continua o mesmo. De um lado, FARC, Equador e Venezuela e do outro, Colômbia e Estados Unidos.
Somente um parênteses da cobertura da mídia brasileira neste caso. Foi intensamente abordado qual deveria ser a posição do Brasil neste conflito. Não acredito que o Brasil se manifestará de alguma forma, nem ao lado da Colômbia e muito menos ao lado da Venezuela e Equador. A política externa brasileira se caracteriza pelo seu pragmatismo, portanto, qualquer um dos lados que o Brasil se posicionar pode lhe trazer prejuízos. Acho que não vai sair do lugar. O risco de se comprometer é grande. É o típico: se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Mas alguma posição o bicho tem que tomar.
P.S. Para quem quiser se informar melhor sobre democracia, o canal Futura está com uma programação bem diversificada, com vários documentários sobre este assunto e serão exibidos o ano inteiro. A revista “Le Monde Diplomatique” do mês passado trouxe algumas matérias interessantes sobre o assunto. Sobre terrorismo, a revista “Entre Livros” trouxe no ano passado uma edição especial sobre o assunto. Fontes, referências, tem de tudo um pouco.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

PANORAMA INTERNACIONAL - FATOS E FOCOS DAS DUAS ÚLTIMAS SEMANAS

O cenário internacional tem vivido dias de intensa agitação nas últimas duas semanas. Começando por Cuba, Fidel Castro renunciou ao mandato de Presidente e Chefe das Forças Armadas, cargo que ocupou nos últimos 49 anos, desde a Revolução Cubana, em 1959, que instituiu o regime socialista na Ilha. A pergunta que predominou no noticiário internacional foi: Qual será o destino de Cuba nos próximos anos, e, o país manterá o regime socialista ou haverá uma abertura de mercados? Pelo que pude acompanhar, há um predomínio na mídia em glorificar e comemorar a saída deste que conseguiu erradicar o analfabetismo, promover uma melhor distribuição de renda, entre outras vitórias. É nítida a parcialidade de nossa mídia na cobertura internacional. A capa da revista Veja "Já vai tarde", é um claro exemplo disto. Por outro lado, a falta de informação contribui para esta visão parcial dos fatos. Resolvi reler o livro "A Ilha", de Fernando de Morais, por acaso, alguns dias antes da renúncia de Fidel. À medida em que avançava no livro, pude acompanhar o noticiário e alguns documentários sobre a Ilha. Há muita discrepância de conteúdo e abordagens "superficiais". Como o próprio autor do livro disse: É impossível entender a realidade de um país sem conhecê-lo pessoalmente e eu concordo. Este é um erro que muitos cometem: julgar sem o conhecimento necessário. Não conheço Cuba, mas alguns dados do livro em relação aos índices sociais demonstram que o regime de Fidel funcionou. Ainda pretendo voltar a este assunto. Por enquanto, vale a pena a leitura deste livro. Para concluir, fazendo um balanço dos especialistas em Cuba que foram ouvidos pela mídia, a maioria deles foi cautelosa em emitir uma opinião.
Sobre o futuro de Cuba, baseado nos últimos depoimentos de Raúl Castro, irmão de Fidel que assumiu o poder, o regime se manterá o mesmo, mas ainda pode haver uma relativa abertura econômica, principalmente no setor de turismo. Cuba passa por problemas estruturais básicos desde o rompimento da Rússia (ex-URSS) com o bloco socialista, de onde vinha maior parte dos recursos.
EUA e Cuba
Na corrida pelas prévias à presidência dos Estados Unidos, os candidatos do partido Democrata, Hillary Clinton e Barack Obama e o Republicano John McCain, logo se apressaram em emitir suas opiniões e demontraram o interesse em estabelecer um diálogo com Cuba.

Eu, pessoalmente, acredito acredito que após sua renúncia, Fidel estará mais atuante ainda, pois agora a mídia lhe dará uma trégua e ele poderá agir sem a presença de tantos holofotes.

Kosovo
A autoproclamação de independência da província da ex-União Soviética, Kosovo, dividiu a comunidade internacional. De um lado, Estados Unidos e a maioria dos países da União Européia demonstraram aprovação. Do outro, Rússia, Espanha, Turquia e Sérvia temem que este fato possa gerar uma onda de movimentos separatistas. A minoria sérvia também se posicionou contra a independência de Kosovo. Neste momento, duas questões se impõem: como está estruturado este novo país, institucionalmente? E, havendo um organismo de regulação internacional, com poder e autonomia (pelo menos teoricamente) não deveria interceder de forma mais efetiva neste processo? A primeira questão ainda não tenho condições de responder. Entretanto, a segunda questão, posso arriscar algumas hipóteses: na teoria, a ONU deveria interferir, garantindo a segurança e contribuindo para estruturar o país. Considerando a ineficiência deste órgão em legislar, julgar e garantir questões que estão dentro do seu escopo, Kosovo fica vulnerável às potências dominantes no cenário internacional.
Paquistão
O partido de oposição do governo paquistanês, representantes de Benazir Bhutto, líder política assassinada no final do ano passado, adquiriu maioria nas eleições parlamentares. Qual o significado deste fato no cenário internacional? Esta vitória pode significar a perda de apoio ao atual presidente Pervez Musharraf, aliado dos EUA na luta contra o "terrorismo". Devido à proximidade e às relações com o Afeganistão, o "ditador" era considerado peça fundamental da política externa norte-americana em combate à rede terrorista Al Qaeda. A pergunta que se coloca é: quais as perspectivas para este país, no caso de assumir um governo anti-EUA?
RÚSSIA
No próximo Domingo, (2) o atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, passará o cargo de presidente da Rússia e assume o cargo de primeiro ministro. Depois de uma história de anos anos de regime socialista, (mal sucedido, mas esta reflexão não cabe neste momento), Putin conseguiu inserir a Rússia no cenário internacional capitalista. Estruturou as instituições, organizou o estado e a economia interna e contribuiu para o crescimento do país. Como a constituição russa não permite que um presidente seja reeleito mais de uma vez (ele já está em seu segundo mandato) Putin mudará de cargo, mas se manterá no poder.

LULA E OBAMA, MISSÃO "QUASE" IMPOSSÍVEL.

Quando o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva concorreu às eleições para a presidência pela primeira vez, o país ansiava por mudanças. Mudanças estruturais, reformas sociais, distribuição de renda, um aspecto deficiente do governo anterior de Fernando Henrique Cardoso. Lula era um idealista.
O senador dos Estados Unidos, Barack Obama, está concorrendo pelo partido democrata às eleições presidenciais americanas e o país anseia por mudanças. Mudanças internas, econômicas, política externa. O discurso de Obama está correspondendo, até o momento, às expectativas do povo americano. Obama é um idealista.
Torço para que Obama vença as eleições americanas. Acredito em suas posições e seu caráter. Mas não acredito nos que o cercam. E como não há como governar sozinho, temo que ele seja fraco. Não sei até que ponto Obama terá o pulso firme necessário para vencer as forças capitalistas, o FMI, o Banco Mundial e os diversos interesses político-econômicos norte-americanos. Espero que ele não decepcione o povo americano. Assim como nós nos decepcionamos.

A OBVIEDADE DA HISTÓRIA

A obviedade da História me fascina. Me fascina pelo simples fato de ser óbvia. É um ciclo que se refaz, se autodestrói e se autoconstrói continuamente. E os autores vão sendo substituídos no tempo e no espaço. O século XX foi um exemplo disto. Iniciamos este século num embate inescrupuloso representado por divergências entre as forças capitalistas e as socialistas. O episódio que melhor representa esta fase foi a tentativa de implantação do socialismo na Rússia, através da Revolução Russa de 1917, fundamentada em princípios marxistas. Com a Revolução Russa seguiram-se outras tentativas de implantação do socialismo, como a China de Mao Tsé Tung e a Cuba de Fidel Castro e Che Guevara, para não antecedermos um pouco mais na América Latina de Simón Bolívar. Não pretendo expor aqui os princípios de cada uma das correntes ideológicas, somente compreender a história atual a partir de uma síntese cronológica, o fio condutor que liga e conduz as sociedades. Partindo para o outro lado, desenvolver-se um sistema capitalista, já iniciado na revolução industrial, na Inglaterra, e no século XX, desponstava nos Estados Unidos. Em meio a este embate de sistemas, ideologias, realidades desiguais, alguns valores capitalistas foram se sobrepondo e surgindo uma necessidade de acumulação de poder. O homem percebeu que podia ter mais do que tinha e ser mais do que era. E se achou melhor que os outros. Com isso, achou que tinha o direito de tomar para si, o que era dos outros. E foi buscar. Achando não ser suficiente, considerou-se superior e achou que seus direitos eram maiores que os dos outros. É a era da ganância, do poder e da ambição. E resolveu estender suas fronteiras. Sua casa ficou pequena para sua família e achou que tinha o direito de pegar para si a casa dos outros. E achou que os outros não podiam ter casa, só ele, pois era superior. E achou que só ele sabia decorar, arrumar os móveis... E foi assim que começou o imperialismo.
Mas os verdadeiros donos das casas não podiam aceitar passivamente. E foi assim que começaram as guerras. Duas guerras mundiais e o massacre dos judeus no Holocausto. Hoje, já fazem parte de nosso vocabulário palavras que até um tempo atrás não eram comuns, e ainda nem temos uma definição clara para elas, só sabemos que refletem muito o ambiente atual que vivemos. São elas: fundamentalismo e terrorismo. Embora ainda não exista um consenso sobre suas definições, tentei traçar, em linhas gerais um significado. Fundamentalismo pode ser interpretado como fanatismo, isto é, grupos que defendem alguns valores (na maioria das vezes baseados numa religião) e argumentam serem verdades inquestionáveis. Há controvérsias! Afinal, como posso querer converncer o meu vizinho de que o que eu penso está certo e o que ele pensa está errado? Cada um tem a sua própria verdade. Embora eu não concorde com a sua verdade eu devo aceitá-la. No caso do terrorismo, na minha interpretação, é um mecanismo de diálogo e ação de grupos (normalmente excluídos da ordem que prevalece a maioria, "financiados" pelo estado ou não) que buscam reivindicar direitos de minorias e para isso usam de estratégias "pouco convencionais".
Na política interna cada Estado tem a sua autonomia, ou pelo menos é assim que deveria funcionar. E quem se responsabiliza pela relação entre os Estados? Numa terra sem leis nem regras, faz-se a lei do mais forte. Este é um problema crucial para o início do século XXI. Quando as decisões vão além do âmbito local, é preciso um mecanismo de regulação, imparcial, neutro, legal e com instituições sólidas que consiga promover a paz e a integração. O problema é quando o organismo criado para esta finalidade, não é reconhecido ou respeitado, perdendo seu caráter legítimo. Sendo assim, perde-se o sentido de sua existência. Atualmente, com o prevalecimento do capitalismo sobre o socialismo (apesar da existência de alguns casos isolados) e com a descolonização, povos voltam para suas casas que haviam sido roubadas e isto gera um novo problema, encontram uma nova realidade e muitas dificuldades de adaptação. Os movimentos separatistas tornam-se acirrados, veja a recente independência de Kosovo. Isto sem contar nos conflitos étnicos ocasionados por uma população excluída e marginalizada.

"O fio invisível que liga os homens é o mesmo fio que os separa"

sábado, 16 de fevereiro de 2008

PANORAMA DA SEMANA – 10 a 16 de Fevereiro

E a disputa das prévias eleitorais americanas continua acirrada. Do lado dos Republicanos, McCain lidera sozinho. Barack Obama e Hillary Clinton continuam no páreo pelo partido Democrata. Ela, usando de uma estratégia mais agressiva com críticas ao concorrente, já mudou de assessor na campanha, já distribuiu chocolates aos jornalistas no Valentine's Day, enfim, tem feito de tudo para chamar a atenção e amarga uma possível derrota. Ele, tem se destacado através de um discurso idealista e propostas de mudanças, anseio nítido da população. Muita coisa ainda tem para acontecer. Temos ainda um ano inteiro pela frente, permeado de muita discussão e conflitos. Vamos acompanhando e ver no que vai dar. A pegunta que fica, para nós, brasileiros é: qual destes será capaz de desenvolver uma política externa menos agressiva e manipuladora, conciliar os interesses internos, mas respeitando o Direito Internacional, promover uma política mais justa em relação aos imigrantes e conter uma possível recessão econômica? A pergunta é esta. Mas ainda temos alguns meses para amargar por uma resposta.
Crises de legitimidade dos Estados. Processos de Independência conflituosos. Civis x atores políticos. Crises do institucionais dos Estados. Estes foram os assuntos que dominaram o cenário político internacional nesta última semana. Independência de Kosovo, Eleições no Paquistão e Crise institucional no Timor Leste.

Kosovo
Em matéria publicada na Folha de São Paulo, o premiê do Kosovo, Hashim Thaci, afirmou que amanhã será proclamada a independência de Kosovo em relação à Sérvia. Os Estados Unidos e alguns países da UE (União Européia) expressaram nas últimas semanas a intenção de reconhecer a independência de Kosovo logo depois de sua proclamação. Porém, autoridades de Belgrado, apoiadas pela Rússia e os sérvios que vivem em Kosovo, que representam pouco menos de 10% da população, são opostos à independência da província. O ministro do Exterior da Sérvia, Vuk Jeremic, pediu ao Conselho de Segurança da ONU que se oponha à independência de Kosovo. Jeremic disse que a Sérvia não vai usar a força para impedir a separação, mas advertiu que a independência representaria um sinal verde para outros movimentos separatistas. A maioria kosovar de origem albanesa deve declarar a independência nos próximos dias. A ONU administrava Kosovo até dezembro de 2007, desde que uma campanha militar da OTAN expulsou as forças sérvias acusadas de perseguir a maioria de origem albanesa da província, em 1999. O processo de independência de Kosovo reflete um dos problemas mais frequentes atualmente no cenário internacional: conflitos de minorias étnicas e diversidade cultural, este assunto pode render uma boa pauta.

Paquistão
O Paquistão realiza eleições parlamentares na próxima segunda-feira (18), após quase um ano de crise política que enfraqueceu o ditador Pervez Musharraf e culminou no assassinato da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, em 27 de dezembro de 2007. A instabilidade teve início em março de 2007, quando Musharraf afastou o presidente do Supremo Tribunal, Iftikhar Chaudhry e gerou uma onda de protestos de advogados e da oposição. O clima de expectativa em relação às eleições é grande devido às possibilidades de fraudes. Uma boa pauta é em relação à ligação do atual presidente Musharraf com os Estados Unidos.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Panorama da Semana – 14 a 20 de janeiro

Fatos importantes no cenário internacional:
África - Quênia
Continua a onda de violência e protestos no Quênia. A capital, Nairóbi, tem sido vítima de uma série de ataques de um grupo de opositores que acusa o atual presidente Mwai Kibaki de ter se reeleito por fraudes. Apesar das tentativas de discussão da Comunidade Internacional em solucionar o conflito, inclusive com a presença de Kofi Annan, ambas as partes do conflito ainda não conseguiram se entender. Os conflitos têm trazido sérios prejuízos ao país, principalmente na área econômica, pois ocupa posição estratégica na África. Além das razões políticas, o conflito também tem origens em raízes étnicas, pois o país tem no poder uma mesma etnia há décadas, os Kikuyo. Isso levanta uma reflexão. Recentemente li a análise de um crítico do período da descolonização africana. (Sou péssima de nomes, mas vou procurar encontrar o artigo) Sou contra (por razões óbvias) da política expansionista e colonizadora européia, mas o artigo que eu li, fazia alguns comentários que faziam bastante coerência sobre o período que os países africanos ainda eram colônias e o período pós independência e comparava questões ligadas ao desenvolvimento estrutural destes países antes e hoje. Vou tentar encontrar este artigo e vocês vão me entender.
América Latina – Guatemala / Cuba
Lula foi esta semana à Guatemala para a posse do presidente eleito Álvaro Colom. Aproveitando, ele deu uma “esticadinha” à Cuba para visitar o amigo Fidel Castro. Fidel, 81 anos, está afastado do governo há cerca de dois anos. Li hoje, na Folha de São Paulo, que Fidel irá concorrer às próximas eleições parlamentares, na semana que vem. As eleições não são obrigatórias, mas cerca de 95% da população vota, pois há um esquema de “votação obrigatória implícita”.
Bolívia
Continuando na linha de governos de esquerdistas na América Latina (um fenômeno interessante que merece ser melhor abordado posteriormente) chegamos ao caso da Bolívia. Esta semana completa dois anos de mandato do presidente Evo Morales e um dos maiores “trunfos” de sua gestão ainda está em discussão: a aprovação da nova constituição, que proporcionará um maior reconhecimento às populações indígenas. Morales tem enfrentado uma forte oposição de alguns estados que propõem a independência de La Paz e uma maior autonomia em suas questões internas. Morales tem feito um trabalho voltado para a garantia das reservas naturais e nacionalização, mas tem enfrentado muitos problemas com a oposição. Esta característica tem marcado diversos governos da América Latina.
Colômbia
A mídia nacional e internacional explorou durante toda a semana o caso das ex-reféns, libertadas pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Histórias de vida no cativeiro, o filho da refém libertada e histórias dos que ainda estão presos tomaram conta do noticiário. Poucas foram as reflexões sobre o real papel das FARC. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez fez uma declaração de que as FARC não deveriam serem consideradas um grupo terrorista, o que despertou indignação da mídia e da comunidade internacional. Compreendemos o drama das vítimas de sequestros e seus familiares, mas não se deve abordar o problema pelas suas consequências e sim, pelas causas. Na minha opinião, o drama das vítimas é a consequência de um grupo que age dessa forma para ganhar visibilidade e pressionar o governo colombiano. Ainda não posso emitir muitas opiniões, mas deve-se estudar a causa deste conflito e não se ater somente em suas consequências para a sociedade. As FARC fazem reflexões muito mais profundas em relação à política interna da Colômbia, à nacionalização dos recursos e à não-interferência da política imperialista americana. É preciso ficar atento a isso.
EUA
Eleições americanas. Vamos tocar neste assunto o ano inteiro, tentando sempre dar um panorama geral da semana, farei observações mais abrangentes, se meu leitor me permitir. Esta semana, a democrata Hillary Clinton deu uma guinada, superando Barack Obama ( e minhas expectativas também). Acho que algo que contribuiu para o prevalecimento de Hillary, foi seu conhecimento sobre a atual situação econômica nos Estados Unidos e a coerência de suas propostas, que deixou bem claro seu conhecimento do assunto. Os demais candidatos, inclusive dentre os republicanos revelaram uma certa incapacidade e desconhecimento em lidar com este assunto.
EUA
Recessão nos Estados Unidos. Mais uma crise econômica atinge os EUA. A última crise séria foi em 2001. Analistas divergem se esta crise afetará ou não o Brasil. Dois dos maiores bancos americanos tiveram enormes prejuízos: Citybank e Meryll. O mercado consumidor americano está encolhendo. Com base nisso, o presidente Bush anunciou uma série de medidas econômicas, dentre elas, a redução de impostos. Ainda não vou comentar sobre este assunto. Pretendo em breve, fazer uma reflexão mais elaborada sobre esta crise. Algo como: causas e consequências e buscar referências nas crises de 1929 (Crash da bolsa) e de 1979 (Crise do petróleo). Volto neste assunto em breve.
Uma boa semana a todos!
Abraços,
Renata

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Olá !
Até domingo eu coloco o "Panorama da Semana" com notícias Internacionais e esta semana que foi muito produtiva também vou trazer dicas de livros e filmes (que valem a pena e aqueles que você não deve perder seu tempo como eu fiz!) Só estou entrando rapidinho para deixar um comentário, já que estou elaborando um trabalho sobre as FARC, o nível de desaprovação e desconhecimento sobre a guerrilha e gostaria de colocar algumas reflexões: "Ser marxista não é ser terrorista! O que deve ser questionado no caso da violência usada pelas FARC é: Os fins justificam tais meios? Defender uma causa, embora para isso se use métodos pouco convencionais em nome de uma causa maior não deve ser considerado terrorismo. É repugnante pensar nisso. Se, lutar a favor de igualdade, de justiça social, embora alguns tenham que pagar um preço por isso for considerado terrorismo, então, lutar a favor do capitalismo e da ideologia imperialista dos Estados Unidos (lembre-se das vítimas da guerra do Iraque e de outras "guerras indiretas"), também deveria ser considerado terrorismo. Na luta pelo socialismo é inadmissível que se façam vítimas e na luta pelo capitalismo, elas são somente "mais vítimas do sistema"... Contraditório, não é mesmo?

domingo, 13 de janeiro de 2008

Panorama da Semana
Um olhar sobre os acontecimentos internacionais
A semana de 7 à 13 de janeiro de 2008 foi marcada por três acontecimentos principais no campo internacional: manifestações da oposição no Quênia, eleições americanas e ascenção do candidato democrata dos Estados Unidos Barack Obama e a libertação de duas reféns das FARCs, através da intermediação do presidente venezuelano Hugo Chávez.
Quênia – Nairóbi
A semana foi marcada por manifestações e violência promovidas pela oposição, que alega eleições fraudulentas do presidente reeleito Mwai Kibaki. No último dia 6 de janeiro o Presidente Kibaki chegou a fazer a oferta de coalizão, que foi rechaçada pela oposição. De acordo com o jornal “O Globo”, em notícia publicada no último dia 11, o Movimento Democrático Laranja (ODM), liderado pelo oposicionista Raila Odinga, defendeu a imposição de sanções internacionais contra o governo de Kibaki.
Desde o início dos conflitos, o Quênia atraiu a sede de diversas organizações internacionais e representantes da ONU. Inclusive o ex-secretário-geral da ONU e ganaense Kofi Annan estaria propondo uma reunião com um grupo de africanos na tentativa de resolver a crise.
Desde o dia das eleições, 27 de dezembro de 2007, o conflito já atingiu o total de 500 mortos.
Panorama:
Desde 2002, com Kibaki:
Economia cresceu 5% a 7% ao ano.
Exportação de chá e café.
Investimentos em turismo.
Devido à estabilidade, destino de investimentos estrangeiros, referência na região.
Situação atual
Danos à imagem externa, uma das mais estáveis da África.
Desabastecimento, alta de preços, falta de combustíveis.
Afetou o escoamento da produção, cancelados leilões internacionais.
Bolsa de valores fechada.
Cancelados pacotes turísticos.
DETALHE - No Quênia, parentes torcem por Obama
A reportagem publicada pelo Estado de São Paulo, dia 9 de janeiro, trouxe depoimentos dos parentes do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, no Quênia.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Esta semana, foi publicado na Folha de São Paulo, dia 4 de janeiro, uma declaração suspeita do atual presidente (ditador? Foram eleições democráticas?) do Paquistão, Pervez Musharraf. Ele afirmou que o serviço de segurança do Paquistão não matou a líder da oposição Benazir Bhutto e voltou a acusar extremistas islâmicos ligados a Al Qaeda e baseados na fronteira com o Afeganistão. Essa declaração merece uma investigação maior, afinal, Musharraf conta com o apoio dos EUA e ambos eram contrários à ascenção de Benazir. Concluindo, ambos tinham interesse que ela saísse de campo e conseqüentemente, tinham a Al Qaeda como bode expiatório...
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Eleições nos EUA
Esta semana ocorreram as primeiras prévias para as eleições americanas. Vou fazer aqui uma análise geral, sem considerar casos isolados. Pelo que acompanhei nos jornais, foi um tanto surpreendente a ascenção do candidato democrata à presidência Barack Obama, negro e de origem africana e muçulmana. Acho que a mídia não contava com isso, mas ele tem despontado como preferência dos eleitores americanos. Também esperávamos que a própria Hillary tivesse um desempenho melhor. Mas, sinceramente, acho que ele não ganha. Nem ele, nem a Hillary. O eleitor americano ainda é muito conservador e não colocaria um presidente negro ou uma mulher na Casa Branca. Não sei, vamos ver. Uma coisa é certa: as pesquisas têm demonstrado uma preferência pelos candidatos democratas.
Em relação aos temas discutidos pelos candidatos, o início das campanhas foi focado, principalmente, na guerra do Iraque e a maioria deles demonstrou ser contra. Mas o que foi percebido foi uma preocupação dos americanos mais com a política interna, principalmente em relação a uma provável recessão ocasionada pelo mercado de crédito imobiliário. Após esta constatação, os candidatos têm direcionado seus discursos neste sentido.
As eleições americanas prometem ser um dos principais eventos do cenário internacional do ano de 2008. Afinal, os EUA são um país imperialista, capaz de interferir ativamente nos rumos das relações internacionais e na política interna de outros países, inclusive subjulgando organismos internacionais como a ONU e isso é um perigo. Quem sabe, se nas duas últimas eleições o presidente Bush não tivesse vencido, milhares de iraquianos e soldados americanos poderiam não ter sido mortos... Ou talvez o protocolo de Kyoto teria sido assinado e os problemas ambientais tomariam outro rumo. São somente suposições e como isso aqui é um blog pessoal, me considero no direito de fazer suposições, não quer dizer que estou certa, mas que no momento atual de minhas pesquisas é nisso que acredito. Entretanto, ainda estou “afinando” minhas opiniões... Gostaria que a mídia fosse mais incisiva em questionar as propostas para a política externa dos canditatos, não somente em relação ao Iraque, mas também nas políticas de imigração. Algo que ficou nítido, foi um caráter mais flexível dos democratas incentivando a legalização de imigrantes e promoção da inserção deles na sociedade americana e o caráter mais rígido e conservador dos republicanos, propondo a construção de muros e o estabelecimento de políticas mais restritivas.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Mas sem dúvida a principal notícia desta semana foi a libertação pelas FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) das reféns Consuelo Gonzalez e Clara Rojas, mantidas presas por seis anos na selva colombiana. Os detalhes desta prisão não preciso mencionar aqui já que todos os jornais estão falando. Mas em breve, assim que concluir minhas pesquisas, coloco um post aqui sobre alguns tópicos interessantes destes acontecimentos que ainda estou tentando entender.
Qual o significado do intermédio do presidente Chávez nesta negociação? (Significado oficial e real). Inclusive a primeira ligação feita pelas reféns ao serem libertadas não foi para o presidente de seu país nem para suas famílias, foi para o presidente Chávez.
O presidente Chávez deu a seguinte declaração: “As FARCs não deviam serem consideradas uma organização terrorista”.
Sendo assim, lanço algumas questões:
A – O que é ou deve ser considerada uma organização terrorista?
B – Sendo assim, as FARCs devem ser consideradas um organização terrorista?
C – Como o Chávez sustenta essa declaração?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Suicídio do Poema

O poema não tem nexo
começa a duras penas
no quarto escuro
no olho fechado
na chuva molhada
no vazio do nada.

O poema caminha
caminha... Pero Vaz?
Caminha?
salta letras e palavras
pula parágrafos
rebola entre os parênteses e as aspas
e implora
mais uma vez
para não morrer esquecido no verso da página.

Os versos contradizem
dizem, depõem e cospem nas palavras medíocres.

As palavras se afogam no mar das rimas
cismam que rimam
e que se entendem
mas no fundo, no fundo do mar
as palavras sobrevivem, brincam...
brincam e sorriem
e mais uma vez se afogam.

O poema morre na esquina
espichado, bêbado, suado e fedido
o poema fede
seu odor exala - o crime não compensa
não há cachaça que cure
a bebedeira do poema.

O poema não tem alma
é carne dura, crua, fétida
sangue coagulado
ossos de ferro
coração de gelo.

Observação: escrevi este poema (de péssimo gosto por sinal) há alguns anos. Gostaria de esclarecer que hoje não penso mais assim sobre o poema. Meus sentimentos e minha percepção mudaram muito sobre poemas. Hoje, tenho muita ternura e gratidão a eles. Escrevi este poema quando estava vivendo uma fase meio pessimista da minha vida. Mas passou. Espero que ninguém se sinta ofendido.