Nova Ordem Mundial

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Nova Ordem Mundial, do Angeli

domingo, 1 de junho de 2008

ESTADO NACIONAL: NASCIMENTO E MORTE

O objetivo deste artigo é fazer uma breve explanação de alguns conceitos relacionados ao Estado soberano e à busca por uma identidade nacional. Com base em estudos da área de geopolítica, o autor pretende demonstrar a atualidade deste tema vinculado à uma busca por uma identidade nacional a partir da recusa do “outro” e à auto-afirmação do “eu”, como um discurso que prevalece como uma das maiores preocupações dos Estados Nacionais na atualidade.
O estudo da geopolítica mundial é atualmente baseado pelo contexto pós segunda guerra mundial, no cenário da guerra fria em que prevaleceu o confronto ideológico entre os Estados Unidos da América e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), atual Rússia. Após este período, o mundo pôde conferir alguns reflexos deste embate: conflitos armados, descolonização, guerras civis, corrida espacial e guerras nucleares. Após a reunificação alemã e o fim da guerra fria, houve o surgimento de uma nova ordem internacional onde prevaleceram os interesses internacionais em detrimento do Estado Nacional. A interdependência econômica dos países é crescente neste momento. Pode-se supor, portanto, que cresce a pressão para a aceitação de comportamentos adaptados ao “mundo globalizado” através da uniformização de culturas. É neste período que surgem outras necessidades como a busca por valores individuais, a auto-afirmação dos povos a recusa do “outro”, refletidas em políticas em que prevalecem o discurso da xenofobia e racismo.
FORMAÇÃO E DECLÍNIO DE UM ESTADO NACIONAL
Vivemos uma crise mundial, com novos questionamentos, mudanças no conceito de Estado soberano, mudanças na perspectiva deste estado como instituição passando a grandes reestruturações que se iniciaram após o término da Segunda Guerra Mundial, com territórios desmembrados, anexados, uma Europa recortada e retalhada , uma África dominada e massacrada pelas colônias estrangeiras e uma América do Sul que, após se libertar das mãos do colonizador-explorador viu-se entregue a governos ditatoriais. Enfim, estas e outras regiões estão em constante mutação, devido aos processos normais de evolução e inquietação do homem, com a incessante pretensão de dominação, exploração e busca por novos mercados consumidores e fornecedores de matéria prima.As guerras geográficas, políticas, culturais e ideológicas sempre existiram. A partir do momento em que o homem percebeu que poderia ter mais do que tinha, poderia ser mais do que era e poderia exercer seu poder sobre os outros, com o objetivo de aumentar suas posses, fortuna e influência, ele desejou buscar o desconhecido. Estados mais fortes política e culturalmente buscavam incorporar-se a outros como forma de manter sua hegemonia e poder, sendo que, ao longo dos séculos, o mapa mundial sofreu várias alterações. Alguns Estados foram criados, outros foram profundamente modificados e outros simplesmente desapareceram. E nessa conjuntura foram se formando a classe dos dominados e dos dominantes. Na época da Segunda Guerra Mundial, a visão da Alemanha nazista era de que “o estado precisa de espaço para sobreviver”, a fim de justificar suas pretensões expansionistas em direção às estepes férteis ucranianas e do Cáucaso, rico em petróleo. Esta era uma justificativa alemã, para dominação desta região.
Mas esta visão de dominação pode ser “provocada e consciente” através de conflitos e guerras, ou pode ser “natural e inconsciente”, através de uma própria necessidade de mudança na postura e mentalidade da sociedade, algo que ocorre de forma natural. Segundo o geógrafo sueco Rudolph Kjellen, no livro “O estado como manifestação da vida“, “(...) o estado como um organismo geográfico se assemelha a um ser vivo, sujeito a nascimento, desenvolvimento, declínio e morte”. Assim funcionou em diversas sociedades arcaicas como a greco-romana, que foram perdendo ao longo dos anos suas características particulares, e, através de uma maior comunicação com outras sociedades na época, foram incorporando valores e costumes e adaptando à sua maneira.
No livro “Antropogeografia – Fundamentos da aplicação da geografia à história”, o geógrafo alemão Friedrich Ratzel (1844 - 1904), diz que “Espaço é poder”. Espaço e Poder na história das relações que regem o mundo internacional podem serem considerados sinônimos. Isto é claramente verificado no recente episódio da guerra dos Estados Unidos e Iraque, uma demonstração de dominação e prova de poder pelos Estados Unidos. Seguindo este raciocínio, o conceito de Estado soberano está ameaçado, a partir do momento que um povo perdeu sua autonomia, dentro do seu próprio Estado.
Para outros autores, este fenômeno é ainda mais antigo.(...) a desintegração interna começou após a primeira guerra mundial, em conseqüência do aparecimento das minorias criadas pelos tratados de paz e do movimento crescente de refugiados, resultado das revoluções. ARENDT, Hannah apud SOARES. 1978, 350. Podemos voltar a um passado ainda mais remoto para explicar este fenômeno. Desde as invasões bárbaras, à constituição dos estados atuais, vários foram os processos submetidos pelas sociedades. Sem dúvida, as guerras mundiais foram as maiores responsáveis pelo que é considerado o continente Europeu atual. Mas não somente a Europa foi afetada neste processo. O continente Africano, em que a maioria das colônias pertenceram aos estados europeus, a região do atual Oriente Médio, que ainda passa por constantes mudanças no que se refere à posse e soberania e o continente americano, ex-colônias européias que foram e continuam sendo regiões vítimas de dominação e exploração, apesar de, nesta região o imperialismo no momento se caracterizar muito mais ideologicamente.
PERDA DE IDENTIDADE
As guerras também contribuíram para uma aproximação entre povos e culturas. Atualmente, apesar de ainda se manifestarem através de conflitos armados, perderam espaço para as guerras psicológicas e ideológicas. O homem está buscando impor sua força através de recursos alternativos, através de uma imposição ideológica, em que prevalece uma mudança de comportamentos em busca de uma uniformização de estereótipos (justificada implicitamente pela busca de mercado consumidor), resultando, desta forma, na perda das características individuais. As guerras ideológicas nada mais são que “imposições” implícitas dos países dominantes sobre os dominados, através de uma mudança de comportamentos e atitudes de seu povo. Se Luís XVI fosse vivo hoje, mudaria o discurso de “ É melhor ser temido do que ser amado” para “É melhor ser amado do que ser temido”. Essa é a estratégia utilizada por países “intelectualmente” desenvolvidos, que utiliza de mensagens ideológicas à fim de justificar suas políticas expansionistas.
Neste momento pós-guerra fria é que está surgindo uma nova ordem internacional, fundamentada por organizações internacionais integracionistas e nos interesses das multinacionais. SOARES. 172. É o mundo globalizado, resultado de toda uma massificação da sociedade e de uma integração e interdependência entre os estados. A sociedade do mundo globalizado vive uma fase de perda da própria identidade e os Estados Nacionais em perda de sua autonomia e soberania, para participarem de um mercado comum, de objetivos e interesses iguais, sendo que, aquele que foge à regra, é “induzido” à seguí-la ou eliminado do jogo.
RECUSA DO “OUTRO” VALORIZAÇÃO DO “EU”
Este tema merece ser melhor abordado, a partir de uma pesquisa mais sólida e consistente do assunto, que aborde o nascimento e morte de um estado nacional, vinculado a suas causas e consequências. Entretanto, uma análise do atual contexto mundial serviu para nos fornecer uma base do momento em que vivemos. Essa explanação relacionada ao estado-nação, “nascimento e morte” evidenciou alguns pontos que merecem ser abordados futuramente. Após um período de intensa globalização, internacionalização de culturas e perda da identidade nacional, um fenômeno tem ficado cada vez mais claro: os “estados-nação” (não sei se ainda podemos usar este termo) têm descoberto os lados negativos da globalização (após uma euforia justificada pela internacionalização de mercados e potencial de consumo.) A perda da identidade e dos valores nacionais têm feito com que países venham a se questionar sobre as reais vantagens da globalização. Este fenômeno tem despertado a consciência de “valores nacionais”, “busca de uma identidade” e “retorno às raízes”, e resumindo: uma recusa do “outro” e valorização do “eu”. As inúmeras possibilidades de internacionalização de mercados têm nos levado a alguns questionamentos: até que ponto perderei minha identidade? A perda da identidade tem levado o homem a repensar a si mesmo e ao outro, e consequentemente, se auto-valorizar e subestimar o outro. Apesar de demonstrações de racismo em toda a história mundial, principalmente no período do holocausto em que milhões de judeus foram dizimados, alguma políticas racistas e xenófobas têm sido amplamente divulgadas o que nos leva a crer que caminhamos para um “repensar” do “outro” como algo “alheio” e “inferior” a nós. Alguns exemplos recentes têm demonstrado isso. Um deles é a atual crise pela qual está passando a União Européia, em que, mediante políticas integracionistas, vários países têm tido receio de perder suas liberdades individuais. Outro caso que reflete este fenômeno foi o recém eleito presidente da França, Nicolas Sarcozy. Com uma política que combate a entrada de estrangeiros no país, Sarkozy defende a criação de um ministério da imigração e o endurecimento do controle das fronteiras nacionais. Baseado em uma política racista e xenófoba, Sarkozy e a população da França são mais um exemplo dos questionamentos que prometem tumultuar as relações internacionais no momento: internacionalizar vale (realmente) a pena?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1959
MATTELARD, Armand. Comunicação Mundo – História das idéias e estratégias. Rio de Janeiro: Vozes, 1994
MELO, José Marques de. Comunicação: Teoria e Política. São Paulo: Summus. 1985
SOARES, Mário Lúcio Quintão. Direitos Fundamentais e Direito Comunitário
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998