Nova Ordem Mundial

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Nova Ordem Mundial, do Angeli

domingo, 6 de julho de 2008

O Discurso da Conveniência do candidato à presidência dos EUA, John McCain

Há algum tempo tenho refletido sobre o que leva as pessoas a tomarem determinadas atitudes, a modos de agir (ou atuar) e se comportarem de forma menos "agressiva" nesta nossa "difícil sociabilidade". E percebi que há dois tipos de atitude: a certa e a conveniente. A certa segue uma convicção própria, pessoal e é indiferente a julgamentos. Poucas pessoas têm a coragem e a ousadia de agir conforme suas convicções, pois na nossa sociedade pós-moderna, consumista e alienada, falar o que se pensa e o que se acredita não é "conveniente" e ainda pode ser perigoso. Sendo assim, prevalece o "Discurso da Conveniência", isto é, falar aquilo que querem ouvir ou esperam que você diga. É mais fácil, mais cômodo e você vai ganhar mais credibilidade. Se você seguir o modelo oposto, será discriminado e seu ponto de vista estará limitado a um grito solitário no cyberespaço, como certas pessoas que fazem blogs, mas isto não vem ao caso...
Tenho acompanhado com mais atenção nas últimas semanas a posição defendida sobre política externa do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain. Inclusive, em pesquisa realizada pelo Instituto Gallup e divulgada recentemente, o único quesito que McCain recebe melhor avaliação que Obama é no combate ao terrorismo. Embora preocupações relacionadas à política externa tenham diminuído na lista de prioridades dos norte-americanos em função da crise econômica que atinge o país, os impactos e a abrangência das decisões desta potência imperialista afetam o mundo inteiro. Portanto, cruzar os braços não é o melhor a fazer. O projeto de governo de McCain para a política externa se baseia em dois principais pilares: combate ao terrorismo e manutenção das forças armadas no Iraque. Será que, depois de Bush pai e Bush filho, teremos agora Bush "neto" (adotivo). A linha seguida é a mesma, isto é, "ideologia das entrelinhas". O discurso, embora implícito (não tanto mais), segue o mesmo objetivo: tentativa de permanência dos EUA como potência imperialista, embora o curso da História demonstre um esgotamento deste modelo.
Mas vamos aos fatos: McCain defende que as forças armadas devem permanecer no Iraque até ganharem a guerra. Não só no Iraque, mas também no Afeganistão e nos demais locais onde deve ser combatido o terrorismo e lutar pela democracia. Mas de qual democracia eles estão falando? Deste modelo "ocidental" de democracia, sem considerar as particularidades de cada país, sua estrutura, o funcionamento de sua política... Cada realidade é única, e a imposição de um modelo como único aceitável não é o caminho. Sistemas políticos não são impostos como modelos perfeitos que funcionam em qualquer ocasião. Cada realidade encontra uma forma harmoniosa ou menos conflitiva de se desenvolver e atuar como organismo político, social, cultural e econômico.
Voltando às guerras do Iraque e Afeganistão, ambas custaram aos cofres públicos americanos mais de US$ 3 trilhões de dólares além de milhares de vidas inocentes. Alguém acredita que a guerra no Iraque ainda não acabou? Muitas vezes, em uma guerra, não há vencedores nem vencidos, mas forças paralelas que coexistem entre si. No caso do Iraque, o exército norte-americano e a população civil continuam se enfrentando apesar do alto índice de mortos. A tentativa de implantação de um governo "democrático" pelos EUA fracassou, os EUA não conseguiram a credibilidade da população e sem este apoio, com toda a resistência do povo iraquiano, nada feito. O governo "democrático" não foi implantado (pelo menos não efetivamente), as forças armadas deverão se retirar com uma mão na frente e outra atrás além de alguns milhares de mortos, e o governo americano deverá explicar ao povo como recuperar os dólares "investidos". Triste derrota.
Sob outro aspecto, os EUA pretendiam implantar um "governo democrático" no Iraque. Por quê? Por que eles são bonzinhos, têm um enorme sentimento humanista e solidário... Faz-me rir. Legalmente, respeitando os princípios do Direito Internacional, os EUA não têm nenhum direito de interferir na política interna, autonomia e soberania de nenhum país. O órgão responsável pela definição da entrada das forças armadas no Iraque em busca de armas nucleares é a ONU, entretanto, não teve autoridade e competência suficiente para impedir a invasão dos EUA ao Iraque.
Qual o real motivo para a tentativa de implantação da democracia, principalmente em países que, coincidência ou não, possuem enormes reservas de petróleo, num momento em que as reservas norte-americanas não devem durar mais que uma década? Nada mais conveniente que buscar suprir as próprias deficiências de escassez de energia se apropriando das reservas de países ricos em petróleo e ainda usar um discurso de "combate ao terrorismo" ou "luta pela democracia" como pano de fundo. Depois da Era dos Impérios, da Era das Revoluções, da Era dos Extremos, chegamos à "Era do Neocolonialismo Mascarado" em que papéis se fundem e fica difícil saber quem veio salvar e quem veio destruir, quem é o mocinho e quem é o bandido. Quem sabe o bandido não se disfarça de mocinho quando lhe é conveniente?

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