Nova Ordem Mundial

Nova Ordem Mundial
Nova Ordem Mundial, do Angeli

sexta-feira, 4 de julho de 2008

VENEZUELA: DA REVOLUÇÃO À INTEGRAÇÃO

Quando Simon Bolívar iniciou a sua luta pela solidariedade entre os povos, união e integração de países americanos, não imaginava que um dia essa integração poderia tomar um rumo diferente, com outros objetivos. Países com divergentes contextos históricos, culturais, políticos e econômicos, que até há algum tempo se relacionavam num cenário de hostilidade, hoje em dia, devido às exigências de um mercado cada vez mais competitivo e integrado vêem-se obrigados a unirem seus esforços e inclusive relevar alguns aspectos divergentes de sua política interna, no combate ao isolacionismo a partir da participação em blocos integracionistas, com um objetivo primordial: promover uma política econômica comum, reduzir as tarifas alfandegárias e, assim, estimular o comércio regional em favorecimento das partes envolvidas. Atualmente, a grande polêmica em torno do Mercosul é em relação à entrada da Venezuela no bloco, que já teve sua adesão confirmada, mas não integralmente, ainda sem direito a voto. Os principais oposicionistas são o senado brasileiro, que tem poderes suficientes para vetar a entrada da Venezuela no bloco e defendem argumentos, de certa forma, coerentes. O principal argumento é em relação ao caráter polêmico e “autoritário” do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que tem sido acusado por integrantes do Mercosul de não respeitar os princípios básicos da democracia, crítica sem fundamento se considerarmos que a política interna de Chávez não se prevalece de decisões unilaterais e sempre recorre aos métodos convencionais de escolha democrática, como eleições e plebiscitos. Além disso, muitos argumentam que as ferozes críticas de Hugo Chávez à política externa norte-americana surge como mais um entrave para a entrada do país no bloco, pois pode prejudicar a imagem do Mercosul no exterior. Mas a questão política pode tomar menores proporções quando o assunto é a economia. De acordo com a Revista Época, desde o início do governo Lula, em 2003 até 2006 as exportações brasileiras para a Venezuela cresceram 486%. Saltaram de pouco mais de US$ 600 milhões para US$ 3,5 bilhões. Além disso, em tempos de racionamento de energia, de busca de fontes alternativas, um parceiro como a Venezuela pode significar um acesso livre a um país com a sexta maior reserva de petróleo do mundo. Se o assunto é economia, o Mercosul, apesar dos entraves burocráticos, das divergências e realidades muitas vezes conflitivas dos países-membros está a caminho e pretende ser uma solução em um mundo cada vez mais integrado. Mas as barreiras para a entrada da Venezuela no bloco, como é nítido, não são econômicas, mas políticas. Quem sabe, com a formação do mais recente órgão político que pretende promover o diálogo, a UNASUL, (mais um, já temos a OEA....) seja possível a condução de um diálogo que releve as “convicções pessoais”. Há alguns meses acompanhei a relutância da Holanda em ratificar alguns acordos da União Européia temendo comprometer as liberdades individuais de seus cidadãos. E não só este caso, são vários os exemplos, afinal, conciliar interesses divergentes, com realidades totalmente distintas tem sido o principal desafio deste início do século XXI, uma tendência nítida na formação do que já é considerado uma “Nova Ordem Mundial” em que predominam os blocos econômicos e, infelizmente, uma padronização, homogeneização da sociedade, seus hábitos e valores.
Entretanto, ainda resta uma alternativa menos conflitiva para a Venezuela. A criação em 2004 da ALBA, Alternativa Bolivariana para as Américas, surge como uma contraproposta que atende melhor interesses de países como Venezuela, Bolívia e Cuba. Os principais pilares deste órgão são o desenvolvimento social e um projeto de integração das forças armadas. Ainda não sabemos como será o percurso destes novos blocos sócio-econômicos que estão surgindo. Alguns, vão se fortalecer e outros, como é previsível, vão ruir. Mas uma coisa é certa: os países precisarão se unir se quiserem atuar mais fortalecidos no jogo (im)previsível da política internacional. E para que a união dê certo, precisarão buscar parceiros com afinidades. Disso, Simon Bolívar já sabia.

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